"A influência que a asma grave tem no dia-a-dia do doente é totalmente diferente da asma ligeira ou moderada”. Quem o diz é o imunoalergologista e investigador do CINTESIS (Centro de Investigação em Tecnologias e Serviços de Saúde), João Fonseca, que alerta para o facto de os doentes com asma grave não terem a doença controlada.
De facto, a frequência e intensidade dos sintomas e das crises é muito maior, assim como a dificuldade de controlar a doença. Mas, de acordo com os especialistas, nos últimos anos, as terapêuticas biológicas vieram alterar esta situação.
Estas terapêuticas configuram uma oportunidade, ainda que continuem a chegar a poucos doentes. Este é um tema que vai estar em debate no próximo dia 6, na Fundação do Oriente, no encontro ‘Viver sem Fôlego’, uma iniciativa da AstraZeneca, no âmbito do programa Precision.
“As novas terapêuticas biológicas são de facto uma alteração significativa e criam toda uma outra expectativa para uma situação que antes era quase irresolúvel, ou era melhorável apenas com os corticoides orais, com enormes problemas do ponto de vista de efeitos laterais”, refere o médico. “Estas terapêuticas inovadoras têm resultados muito melhores, ao mesmo tempo que evitam a utilização dos corticoides orais, que têm sérias consequências cardiovasculares, oculares, ósseas, ou na facilitação de pneumonias, uma das principais causas de mortalidade em Portugal e muito mais frequentes nos indivíduos que estão a fazer os corticoides orais”, acrescenta.
Reduzir a toma desta medicação é, por isso, um desafio, “porque ainda temos a maioria dos nossos doentes com asma grave insuficientemente tratados ou tratados com medicamentos que têm efeitos colaterais muito grandes a longo prazo”.
A este desafio junta-se outro, o do financiamento: “quem é que paga os cuidados dos doentes? Cada vez mais temos que evoluir para modelos de pagamento baseados em valor e não em atos. Não temos interesse em pagar urgências, interessa é pagar formas de tratamento e seguimento que evitem essas urgências. Porque, neste momento, o sistema de saúde português paga pelos problemas não pela sua resolução”.
Porque a asma grave é, segundo o médico, “uma outra doença e relativamente rara”, o especialista considera também necessária diferenciação, “isto é, a certificação de médicos e de unidades para os diferenciar no tratamento destes doentes, de forma a garantir que determinados locais e profissionais tenham as competências e conhecimentos suficientes para tratar os doentes com asma grave enquanto grupo diferente das restantes asmas”.
O evento ‘Viver sem Fôlego’ é dirigido ao público em geral e a profissionais de saúde, com entrada gratuita, mediante inscrição em viversemfolego.eventbrite.pt.