E por que morremos? Porque o nosso organismo foi feito para nascer e morrer – ainda não existem pessoas eternas ou células que se regenerem para sempre, sem desgaste. O que talvez não saiba é o que acontece ao corpo assim que o coração pára de bater.
O costume de enterrar os corpos mortos é bastante antigo: só para que tenha uma ideia, em 2003 uma equipa de arqueólogos encontrou evidências de que os nossos ancestrais já praticavam rituais de enterro há 350 mil anos. Se nunca parou para pensar no que acontece durante o processo de decomposição, a publicação Science Alert divulgou o que ocorre, passo a passo.
1 – As células abrem
Da mesma forma que a digestão começa assim que coloca um alimento na boca, a decomposição é um processo que tem início minutos depois da morte. Logo após o coração parar de bater, a temperatura do corpo diminui quase 10 °C num intervalo de uma hora até ficar à temperatura ambiente. O sangue fica mais ácido, o que faz com que as células se abram e enviem todas as suas enzimas para os tecidos, que começam um processo de autodigestão.
2 – Fica branco e roxo
E isso acontece graças aos efeitos da gravidade, que fazem com que o sangue do corpo siga para as áreas mais próximas ao chão – tal ocorre porque a circulação sanguínea cessou. O resultado dessa descontinuidade de fluxo sanguíneo é uma coleção de manchas roxas sobre as regiões mais baixas do corpo. Essas manchas são chamadas de 'livor mortis' e, quando médicos legistas as estudam, conseguem saber a hora exata em que a pessoa morreu.
3 – Os músculos contraem-se
O corpo começa a ficar mais rígido quatro horas após a morte, atingindo o pico de rigidez doze horas depois e perdendo essa característica após 48 horas. Esse processo acontece porque há bombas nas nossas membranas musculares que regulam o cálcio e, quando essas bombas param de trabalhar em decorrência da morte, o cálcio inunda as células, fazendo com que os músculos se contraiam e fiquem rígidos.
4 – Os órgãos vão se autodigerir
Depois dos processos citados acima, o corpo vai entrar em estado de putrefação, que é, basicamente, a decomposição total. Enzimas do pâncreas vão fazer com que o órgão se autodegenere e, enquanto isso, micro-organismos vão atacar essas enzimas, deixando o corpo com uma coloração verde a partir do umbigo.
O facto é que todo ser humano vive com aproximadamente 100 trilhões de bactérias durante a vida – essas bactérias, na maioria das vezes, usam o nosso corpo como moradia e não nos causam problemas. Porém, quando elas são os únicos vestígios de vida, fazem a 'festa' e acabam, literalmente, connosco. É graças a elas e à capacidade que têm de libertar as enzimas putrecina e cadaverina que um corpo morto não tem um cheiro muito agradável.
5 – Pode transformar-se em cera
Depois da putrefação, não demora para que o corpo se transforme num mero esqueleto. No entanto, alguns corpos – especialmente aqueles que entram em contacto com água ou terra gelada – podem desenvolver o que é conhecido como adipocere, um material adiposo formado nos tecidos do corpo, atuando como um conservante natural dos órgãos, fazendo com que demore muito mais para ficar parecido com um 'zombie'. É possível que, por algum tempo, depois de morto, a pareça ter simplesmente fugido de uma exposição do museu Madame Tussauds.