Células do cordão umbilical aumentam sobrevivência de doentes oncológicos

Num ensaio clínico recente, publicado na revista científica The Lancet Haematology, a transplantação com sangue do cordão umbilical expandido em laboratório resultou numa elevada taxa de sobrevivência e reduzida incidência de complicações pós-transplante em doentes oncológicos de alto risco.

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Liliana Lopes Monteiro
09/02/2020 17:03 ‧ 09/02/2020 por Liliana Lopes Monteiro

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Sobreviver ao cancro

Entre os 22 doentes com vários tipos de neoplasias, desde leucemias, síndromes mielodisplásicas, linfomas e mieloma múltiplo, dez eram considerados de alto risco, cinco já tinham sido transplantados, sem sucesso, e outros cinco tinham doença agressiva, em recaída ou refratária.

Utilizando uma pequena molécula (UM171), os investigadores multiplicaram as células estaminais da unidade de sangue do cordão umbilical escolhida para cada doente. Em apenas sete dias, o número de células estaminais aumentou, em média, 35 vezes, relativamente ao valor inicial. Este processo de expansão permitiu que metade dos doentes fosse transplantado com uma unidade de sangue do cordão umbilical adequada em termos de dose celular e com melhor grau de compatibilidade, aumentando, dessa forma, as probabilidades de sucesso dos transplantes.

Segundo aos autores, os resultados revelaram-se muito positivos, tendo-se observado, em todos os casos, uma rápida e sólida recuperação da produção de células do sangue e sistema imunitário, uma elevada taxa de sobrevivência (90%) e reduzida incidência de complicações pós-transplante.

Segundo Bruna Moreira, Investigadora do Departamento de I&D da Crioestaminal, “para além deste, outros métodos têm sido desenvolvidos com vista à multiplicação das células do sangue do cordão umbilical em laboratório antes de um transplante, tendo sido reportados resultados muito promissores nos últimos anos”.

“O êxito de uma estratégia de expansão celular permitirá o acesso de mais doentes a uma fonte de células estaminais com elevado grau de compatibilidade, com repercussões positivas na taxa de sucesso destes transplantes”, acrescenta a investigadora.

Tendo em conta os bons resultados atingidos, os investigadores iniciaram outros dois ensaios clínicos para testar a utilização desta técnica, especificamente, em doentes com leucemias e síndromes mieodisplásicas de alto risco que, atualmente, apresentam opções de tratamento muito limitadas.

A possibilidade de expandir (multiplicar) as células presentes no sangue do cordão umbilical armazenado permite aumentar o número de doentes que pode beneficiar de um transplante de sangue do cordão umbilical, com todas as suas vantagens − menor probabilidade de transmissão de agentes infeciosos, disponibilidade imediata, menor incidência de doença do enxerto contra o hospedeiro – e com o melhor grau de compatibilidade possível. Entre os fatores determinantes do sucesso dos transplantes estão a compatibilidade entre o doente e as células do sangue do cordão umbilical e o número de células mais adequado para o mesmo. Não sendo necessário haver compatibilidade total, esta deve ser a mais elevada possível, de modo a maximizar as probabilidades de sucesso e reduzir as complicações associadas ao transplante. No entanto, verifica-se que nem sempre as unidades de sangue do cordão umbilical mais compatíveis com um doente correspondem às que têm o número de células mais adequado.

 

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