Ibuprofeno e coronavírus: Uma relação perigosa ou não? Ciência responde

Ontem, terça-feira, dia 17 de março, a Organização Mundial de Saúde (OMS) aconselhou evitar a toma do medicamento por indivíduos suspeitos de estarem infetados com Covid-19. Contudo, muitos especialistas afirmam que ainda sabem pouco acerca dos impactos da substância relativamente ao novo coronavírus.

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Liliana Lopes Monteiro
18/03/2020 08:40 ‧ 18/03/2020 por Liliana Lopes Monteiro

Lifestyle

Covid-19

A OMS recomendou que as pessoas não tomem ibuprofeno para tratar sintomas que suspeitem resultar da Covid-19. Este anúncio chegou dias após o ministro da saúde da francês, Olivier Véran, ter alertado que ao invés daquele fármaco, considerado um anti-inflamatório, o paracetamol deveria ser usado como alternativa. 

Se por um lado, alguns especialistas afirmam que, embora poucas, há provas científicas de que o ibuprofeno agrava a Covid-19; por outro lado, outros defendem que não há estudos suficientes que provem a existência de uma relação prejudicial entre a toma do medicamento e a piora dos doentes infetados com o novo coronavírus

Sendo que em Portugal a própria Direção-Geral de Saúde (DGS) afirmou que “não existe evidência” de que o ibuprofeno agrave a infeção da Covid-19. Já o Infarmed salientou ontem, após o anúncio da OMS: que não existem provas de uma relação entre o agravamento de infeção da Covid-19 e o medicamento. Num comunicado, enviado às redações a entidade referiu que “não há novos dados científicos que justifiquem uma reavaliação” da sua posição relativamente ao anti-inflamatório.

De acordo com Ian Jones, virologista da Universidade de Reading, no Reino Unido, as suspeitas sobre o iboprufeno referem-se às propriedades anti-inflamatórias da substância, que por sua vez reduzem a potência e capacidade de resposta do sistema imunológico, o que pode retardar o processo de recuperação dos doentes. 

"Adicionalmente, é provável, com base na literatura substancial em torno da SARS I e nas semelhanças que esse novo vírus (SARS-CoV-2) possui com a SARS I, que o vírus reduza uma enzima essencial que regula parcialmente a concentração de água e sal no sangue, o que poderia fazer parte da pneumonia observada em casos extremos", disse Jones em declarações à publicação Science Media Center.

"O ibuprofeno agrava esse quadro, enquanto que o paracetamol não. Como tal é recomendável que as pessoas usem paracetamol para reduzir a temperatura se estiverem com febre", aconselhou o virologista

Apesar de defender a realização de mais estudos, tendo em conta toda a informação divulgada até ao momento sobre o tema, a professora Charlotte Warren-GashParada, da Escola de Medicina de Londres, no Reino Unido, afirmou também à Science Media Center: "enquanto isso, para tratar sintomas como febre e dor de garganta, parece sensato optar pela toma de paracetamol". 

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