Entre 20 a 40% dos doentes com Covid-19 internados no Emory University Hospital no centro da cidade de Atlanta, nos Estados Unidos, desenvolveram coágulos sanguíneos - mesmo após lhes terem sido administrados anticoagulantes, afirmou o médico Craig Coopersmith ao The Hour.
As declarações do clínico surgem após outros relatos e rumores de que o vírus de cariz respiratório está a afetar não apenas os pulmões, mas também o coração, os intestinos, o fígado, os rins e até o cérebro.
Em entrevista ao jornal britânico DailyMail um cirurgião cardíaco de Brooklyn, na cidade de Nova Iorque, nos EUA, disse que os coágulos são provavelmente responsáveis "por uma elevada quantidade" de mortes por Covid-19 e afirmou que no hospital onde trabalha também se está a registar esta tendência, acrescentando que os coágulos podem ainda estar a causar a morte de pacientes aparentemente recuperados e que recebem alta hospitalar.
"Uma das coisas que estamos a aprender acerca da Covid-19 é o quanto produz problemas de coagulação - ou seja tromboses (coágulos sanguíneos) são detetadas tanto nos grandes vasos como na microvasculatura", explicou ao DailyMail o médico Paul Saunders, clínico no Maimonides Medical Center, também em Nova Iorque.
"Isso tem sido encontrado em vários lugares do corpo - por exemplo, coágulos sanguíneos presentes nas pernas, nos pulmões, e particularmente neste órgão registam-se vastas embolias pulmonares".
A Covid-19 tem uma arma característica e única que lhe permite atacar o coração.
"Contrariamente a outros coronavírus, como a gripe comum, ao microscópio o SARS-CoV-2 tem uma série de picos proeminentes, e esses picos são pequenas proteínas que estão à procura de células recetoras às quais se possam ligar", explicou Robert Bonow, professor de cardiologia na Universidade de Northwestern, também nos Estados Unidos.
"Estão especificamente à procura desses recetores nos pulmões, mas esses mesmos recetores estão instalados nos vasos sanguínos, como tal o SARS-CoV-2 associa-se aos pulmões, mas também aos vasos sanguíneos".
"Assim que se alojam nesses vasos sanguíneos das células, as partículas virais também podem causar danos no músculo cardíaco", elucidou Bonow.
E assim podem provocar o desenvolvimento de 'estados de hipercoagulação", fazendo com que os coágulos sanguíneos causem ataques cardíacos fulminantes.
As primeiras evidências científicas de que o novo coronavírus poderia ser altamente perigoso para o sistema cardiovascular surgiram na China. Num estudo conduzido naqueles país, cerca de 20% de 416 doentes hospitalizados com Covid-19 registaram danos no coração.
Saunders acrescentou que, nos seus pacientes em Nova Iorque, são muitas vezes os coágulos sanguíneos que são responsáveis por ataques cardíacos.