Por que motivo a Covid-19 está a matar jovens saudáveis?

Os casos mais críticos da Covid-19 geralmente ocorrem em pessoas idosas ou com doenças crónicas prévias, como hipertensão, diabetes ou cardiopatias, entre outras. Todavia, cada vez mais são divulgados casos de vítimas jovens saudáveis que morrem da doença.

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Liliana Lopes Monteiro
24/04/2020 13:20 ‧ 24/04/2020 por Liliana Lopes Monteiro

Lifestyle

Morte por Covid-19

Porquê? O que explica que indivíduos que não pertencem a grupos de risco desenvolvam sintomas severos da Covid-19 e acabem até por morrer? é o tema de uma reportagem divulgada pela BBC News. 

"Essa é a pergunta para a qual todos querem saber a resposta", diz Michael Snyder, professor e diretor do Departamento de Genética da Universidade de Stanford, nos Estados Unidos, à BBC.

Apesar do fenómeno ainda permanecer envolto num certo mistério, médicos e cientistas creem que a resposta pode remeter para uma combinação de fatores que resultam por sua vez numa 'tempestade perfeita'. 

Genética

Uma das teorias propostas com mais consenso entre os especialistas corresponde à predisposição genética.

"Não é uma ideia nova. A partir de estudos que comparam gémeos univitelinos e bivitelinos, sabemos que a susceptibilidade a grandes doenças infecciosas no mundo, como tuberculose, hepatite ou malária, varia em parte de acordo com as características genéticas", explica à BBC Stephen Chapman, especialista em doenças respiratórias e investigador em Genética Humana na Universidade de Oxford, Reino Unido.

Segundo o especialista, uma mutação parecida poderá explicar os casos graves de Covid-19 que ocorrem em jovens e até em crianças saudáveis. 

Relativamente ao SARS-CoV-2, o gene que codifica o receptor ACE2 (a enzima conversora de angiotensina 2 da proteína da superfície celular), localizado na superfície das células do pulmão e noutros órgãos, é a porta de entrada usada pelo vírus para invadir as células das vias aéreas e daí se propagar pelo organismo.

"A hipótese é que, se tem uma variante específica, a entrada do vírus na célula pode ser facilitada ou dificultada, ou seja, pode ficar mais vulnerável ou mais resistente à doença", explica Chapman. 

Cromossoma X

O investigador conta que existem genes no cromossoma X que influenciam a resposta à doença, e que também justificam o facto dos homens serem mais afetados pelo novo coronavírus, comparativamente às mulheres.

"Outra possibilidade é a existência de um componente genético, uma vez que existem muitos genes de imunidade que estão no cromossoma X", afirma Chapman à BBC

"Se houver muitos polimorfismos ou uma mutação rara nos genes do cromossoma X, como os homens têm um, enquanto as mulheres têm dois, isso torna-os mais vulneráveis".

Tempestade de citocinas

Citocinas são substâncias extremamente agressivas produzidas pelo sistema imunológico para atacar vírus invasores. 

Todavia, quando o sistema imunológico as secreta em excesso essa proliferação de citocinas acaba por 'levar tudo à frente' e por atacar vários órgãos, incluindo os pulmões e os rins, o que pode provocar a morte do doente. 

Randy Cron, especialista da Universidade do Alabama, nos Estados Unidos, explica que essa condição afeta pelo menos 15% das pessoas que combatem qualquer infecção grave. E ainda não se sabe o motivo pelo qual o sistema imunológico reage desse modo em algumas pessoas (sendo que poderá ser também uma questão de genes). 

Carga viral

"Sabemos de estudos na China que aqueles que cuidam de pacientes com Covid-19 são mais vulneráveis do que outros porque provavelmente estão expostos ao vírus todos os dias, durante todo o dia, durante o horário de trabalho", diz à BBC Alice Sinclair, virologista da Universidade de Sussex, no Reino Unido.

"Em termos de carga viral, quanto mais exposto estiver, maior é a probabilidade ficar infetado com o novo coronavírus", conclui. 

 

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