Divertículos do cólon. O que são e o impacto que podem ter na nossa saúde

"A saúde do nosso intestino é de extrema importância pelo que nos devemos manter atentos às alterações gastrointestinais que vão ocorrendo ao longo do tempo. Por vezes existem patologias que não têm sintomatologia associada e que merecem a nossa atenção, sendo fundamental manter rotinas de vigilância e prevenção tão importantes para diagnósticos precoces", explica José Soares, Gastrenterologista do Hospital da Ordem da Trindade, num artigo de opinião partilhado com o Lifestyle ao Minuto.

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Notícias ao Minuto
09/07/2020 20:05 ‧ 09/07/2020 por Notícias ao Minuto

Lifestyle

Médico explica

Os divertículos são orifícios de 'pequenos sacos' que surgem em pontos de fragilidade ao longo da parede do intestino e sobretudo do cólon. Constituem a lesão elementar da chamada Doença Diverticular do Cólon, que engloba a Diverticulose e a Diverticulite. A diverticulose corresponde à presença destes sacos na parede do intestino, e que geralmente é assintomática, e a diverticulite representa a inflamação desses divertículos ou outras complicações associadas a eles.

Qual a prevalência desta doença?

A incidência aumentou nas últimas décadas, mais frequente nos países desenvolvidos. Calcula-se que 50% da população com mais de 60 anos do mundo Ocidental seja portadora de divertículos.

No Ocidente o lado esquerdo do intestino é o mais frequentemente atingido ao contrário dos Orientais, onde é no lado direito do cólon que se observam mais frequentemente os divertículos. Não é conhecida a causa desta diversidade de apresentação.

O principal fator de risco parece ser uma dieta pobre em resíduos (fruta, hortaliça, legumes e cereais) e a vida sedentária.

A que sinais e sintomas devemos estar atentos?

A dor recorrente localizada ao lado esquerdo do abdómen, que em regra aumenta com as refeições e diminui com as dejeções, associada ou não a distensão abdominal e a alternância do trânsito intestinal (períodos de obstipação ou de diarreia), são os sintomas associados a esta doença.

Estes sintomas são incaracterísticos e sobretudo em pessoas com mais de 50 anos ou com mais de 40 anos se existir na sua família historial de cancro colorretal deverão levar à realização de uma colonoscopia total, um exame endoscópico que permite identificar e visualizar lesões na parede intestinal. Este é um exame muito importante na avaliação das doenças do intestino e deve ser realizado regularmente.

Na fase de confinamento foram adiadas várias consultas e exames de rotina, muito importantes para diagnósticos precoces. Por isso, deixo o alerta para a necessidade da população retomar essas rotinas de vigilância e prevenção e reforço que os hospitais dispõem de todas as medidas de segurança para dar resposta às necessidades dos doentes, seja no diagnóstico ou tratamento.

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É possível prevenir complicações?

No caso de diagnóstico de Diverticulose os doentes deverão reforçar os objetivos de manter uma vida saudável:  a alimentação mediterrânica (rica em fibras), hidratação adequada (1,5 litros de líquidos transparentes) e  o exercício físico regular, são as regras bases da prevenção primária para o aparecimento das complicações, nomeadamente, inflamação dos divertículos e/ou hemorragia diverticular.

Contudo, cerca de 10 a 25% dos doentes com divertículos podem desenvolver complicações - a chamada Diverticulite.

E quando os divertículos inflamam?

No caso da Diverticulite a dor torna-se constante e aparece temperatura elevada, existe mal-estar e por vezes náuseas e vómitos. Estes casos, obrigam a observação médica imediata.

O diagnóstico engloba análises ao sangue e estudos de imagem, sendo o mais indicado a tomografia axial computadorizada (TAC). É a partir desses exames que se faz a estratificação de risco, e se define a orientação terapêutica.

A Diverticulite pode dividir-se em não complicada e complicada e para cada um dos casos existem tratamentos específicos:

- diverticulite não complicada - Nestes casos, a utilização de antibióticos por via oral e dieta líquida ou sem resíduos, resolvem normalmente as crises. Nos casos recorrentes poderá ser útil o tratamento cirúrgico (colectomia segmentar), particularmente em doentes jovens.

- diverticulite complicada - Recomenda-se internamento, pausa alimentar, antibioterapia e nos casos mais graves cirurgia mais ou menos imediata.

Na diverticulite aguda a colonoscopia está contraindicada, na fase aguda. Poderá ser realizada após 6 a 8 semanas, sobretudo para excluir patologia associada. Nos casos de repetição de episódios de diverticulite aguda poderá ser útil tratamento com antibióticos específicos não absorvidos; medicamentos com efeito anti-inflamatórios específicos para o tubo digestivo e a utilização de vitamina D parecem também fazer diminuir os episódios de diverticulite aguda.

A diverticulite é considerada uma condição que decorre do processo degenerativo natural da parede intestinal, pelo que mesmo que adote medidas preventivas ela pode aparecer. Contudo, pode retardar o seu aparecimento através de uma dieta rica em fibras, pela ingestão de bastantes líquidos e pela prática de exercício físico regular. Cuide da saúde dos seus intestinos!

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