Uma nova pesquisa revela que pessoas mais velhas que sofrem de apatia apresentam o dobro do risco de desenvolver demência.
Os investigadores afirmam que este traço de personalidade pode ajudar a identificar prematuramente indivíduos em risco da patologia degenerativa do cérebro, numa altura em que ainda possam ser implementadas mudanças no estilo de vida e administrada a medicação específica capaz de travar a doença de Alzheimer.
A líder do estudo, a médica e investigadora Meredith Bock, da Universidade da California em São Francisco, nos Estados Unidos, disse: "a apatia pode ser bastante angustiante para a família, quando as pessoas envelhecem e já não querem estar com a família ou amigos ou simplesmente parecem não mostrar qualquer interesse em atividades que antes gostavam".
"É necessário realizar mais pesquisas, mas é possível que se tratem de sinais de que a pessoa possa estar em risco de Alzheimer e possa beneficiar de intervenções precoces e esforços que reduzam outros fatores de risco".
O estudo
O estudo publicado no periódico Neurology incluiu 2,018 adultos com uma média de idade de 74 anos - nenhum dos voluntários sofria de demência.
No ínicio do estudo os seus níveis de apatia foram medidos segundo um questionário.
As questões incluíam: "nas últimas quatro semanas, quantas vezes lhe apeteceu sair de casa e sair com amigos?" e "nas últimas quatro semanas, quantas vezes lhe apeteceu realizar atividades do dia-a-dia?".
Os participantes foram divididos em três grupos. Após nove anos, aqueles que sofriam de apatia severa apresentaram uma maior probabilidade de sofrer de demência, relativamente aos seus pares com níveis baixos a moderados de apatia.
Os investigadores apuraram que pelo menos 381 dos participantes - quase um quinto - tinham a doença.
Registando-se a proporção mais elevada no grupo com apatia grave - 127 de 508 pessoas, ou seja 25%. Comparativamente a 111 de 768 indivíduos (14%) e a 143 de 742 (19%) nos grupos de risco baixo.
Bock e a equipa de investigadores concluíram que indivíduos com apatia severa apresentam uma probabilidade 80% superior de desenvolverem demência. Valores que foram tidos em conta juntamente com outros fatores, como idade, educação ou saúde cardiovascular.