Dois estudos, dois resultados diferentes: Remdesivir funciona ou não?
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Lifestyle Remdesivir
Num dia, um estudo publicado no New England Journal of Medicine (NEJM) afirma que o remdesivir funciona contra a Covid-19, a doença provocada pelo novo coronavírus SARS-CoV-2. Entretanto, dias depois uma pesquisa realizada pela Organização Mundial de Saúde (OMS), diz que não. Afinal, qual dos resultados é válido? Nenhum? Ambos?
De acordo com um artigo publicado no portal especializado Medical Daily, trata-se de uma questão complexa. Isto porque os dois estudos buscavam respostas para dois pontos distintos.
Os estudos
O estudo publicado no NEJM a 8 de outubro seguiu mais de mil pacientes hospitalizados com Covid-19, que sofriam de uma infeção do trato respiratório inferior, sinónimo de pneumonia ou de bronquite. Neste caso, os doentes tomaram remdesivir ou um placebo.
Os dados apurados demonstraram que os pacientes que tomaram remdesivir recuperaram em 10 a 11 dias, enquanto que aqueles que receberam um placebo permaneceram doentes durante cerca de 15 dias.
Um total de 131 de 542 pacientes aos quais foi administrado o remdesivir experienciou um efeito secundário grave, mas o mesmo ocorreu em 153 dos 516 indivíduos integrantes do grupo placebo. O efeito colateral mais severo correspondeu a falência respiratória e aos pacientes necessitarem necessitarem de intubação e de serem ligados a um ventilador. Entretanto, registaram-se consequências adversas menos sérias em 273 pacientes no grupo do remdesivir e 295 no grupo placebo.
Todavia, e apesar do encurtamento de tempo durante o qual os pacientes permaneceram doentes, os investigadores reconheceram que a medicação não afetou a taxa de mortandade. Concluindo, e nas palavras dos autores: "dado a elevada mortalidade [relacionada à Covid-19] e apesar do uso do remdesivir, ficou claro de que o tratamento apenas com o medicamento antiviral não é provavelmente suficiente para todos os doentes".
Já, o estudo da OMS, tinha um intuito muito específico. Os investigadores analisaram as taxas de mortalidade entre pacientes com Covid-19 aos quais foi administrado o remdesivir. Sendo que os especialistas pretendiam apurar se mais pessoas infetadas sobreviviam ao tomar o medicamento.
Para efeitos daquela pesquisa, os investigadores recrutaram mais de 11 mil pacientes que receberam remdesivir, hidroxicloroquina, lopinavir e interferon, ou nada. A hidroxicloroquina é usada para tratar e prevenir a malária; já o lopinavir é um fármaco antiviral comummente utilizado para tratar o VIH.
Os resultados revelaram que não existiam diferenças nos índices de mortalidade entre os pacientes nos vários grupos. Dos 2,743 pacientes que tomaram remdesivir, 11% morreram - cerca da mesma quantidade do que aqueles que não tomaram qualquer medicamento, 11,2%.
Conclusão
Conforme explica o portal Medical Daily, os estudos não diferem significativamente - ambos constatam que o remdesivir não surtiu diferença no número de mortes provocadas pela Covid-19. Porém, o estudo divulgado no NEJM afirmou que o fármaco reduziu o período temporal de duração da doença.
Como tal, talvez a decisão de utilizar ou não o remdesivir dependa dos recursos de cada hospital e do quão rápido necessitam que os pacientes tenham alta e regressem às suas casas - devido, por exemplo, à necessidade de espaço para tratar novos doentes e sobrelotação das unidades de saúde.
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