Especialistas com dúvidas sobre dados da vacina de Oxford/ AstraZeneca
A vacina contra a Covid-19, que está a ser desenvolvida pela universidade de Oxford e pela AstraZeneca, demonstra ter uma eficácia média de 70%, segundo dados divulgados esta segunda-feira.
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Esta segunda-feira, ficámos a saber que a vacina contra a Covid-19 desenvolvida pela universidade de Oxford e pela AstraZeneca demonstra ter uma eficácia média de 70%. Este valor médio resultou da combinação de dois regimes de dosagem: um foi 90% eficaz e o outro 62%. Mas especialistas em vacinas - incluindo aqueles que atuam para a Food and Drug Administration (FDA) e para os Centros dos EUA para Controlo e Prevenção de Doenças (CDC) - têm dúvidas sobre os dados divulgados pela AstraZeneca, avança a CNN.
De acordo com estes especialistas, citados pelo meio de comunicação norte-americano, a farmacêutica, no comunicado que enviou, não expôs os dados concretod. "Sem saber disso, é difícil saber a importância das suas descobertas", disse Paul Offit, da FDA, que irá rever as vacinas Covid-19 antes de serem colocadas no mercado.
Segundo os mesmos responsáveis, quando duas outras empresas, Pfizer e Moderna, divulgaram os seus resultados de eficácia no início deste mês, foram incluídos os dados que levaram aos resultados.
No caso da vacina da AstraZeneca, alguns participantes receberam a vacina Covid-19, enquanto outros receberam um tipo diferente de vacina ou injeções de placebo. Em seguida, um conselho independente de especialistas determinou até que ponto o grupo que recebeu a vacina Covid-19 estava protegido contra a doença. No comunicado à imprensa, a AstraZeneca disse que um total de 131 participantes do estudo desenvolveram Covid-19, mas não disse quantas dessas pessoas receberam a vacina Covid-19 e quantas não receberam.
Porta-vozes da empresa e da universidade de Oxford não responderam às perguntas da CNN na segunda-feira.
Os especialistas também têm dúvidas sobre a segurança da vacina AstraZeneca. O estudo da AstraZeneca foi suspenso duas vezes porque estavam preocupados com dois participantes que ficaram gravemente doentes. Posteriormente, o ensaio foi retomado. "Gostaria de saber os dados específicos sobre essas reações adversas graves que fizeram com que o ensaio fosse interrompido", disse William Schaffner, do CDC, que também irá rever as vacinas antes que elas sejam permitidas no mercado. Na nota de imprensa, a AstraZeneca afirmou que "nenhum evento sério de segurança relacionado à vacina foi confirmado" e que a vacina foi "bem tolerada".
E não ficamos por aqui. Entre os participantes do estudo que receberam a vacina Covid-19, havia dois regimes de dosagem diferentes. Num deles, 2.741 participantes receberam meia dose da vacina e uma dose completa pelo menos um mês depois. No segundo grupo, 8.895 participantes receberam uma dose completa seguida por outra dose completa pelo menos um mês depois. O grupo que recebeu a meia dose inicialmente estava 90% protegido contra a Covid-19, e o grupo que recebeu duas doses estava apenas 62% protegido. Um dos principais investigadores de Oxford, Adrian Hill, disse que levaria "provavelmente semanas e meses" para entender por que razão a dose mais baixa produzia resultados muito melhores. "Não entendemos isso totalmente, mas existem várias ideias sobre como pode funcionar, e estamos a explorá-las", disse Hill à CNN.
Saad Omer, especialista em vacinas da Escola de Medicina de Yale, observou que o grupo com a taxa de eficácia de 90% era relativamente pequeno - apenas 2.741 participantes do estudo - e esses resultados podem não se manter quando mais pessoas receberem esta dosagem. Ele notou uma falta de clareza sobre vários aspetos nos dados da AstraZeneca. "Odeio criticar colegas académicos, mas divulgar informações como esta é como pedir para tentar ler as folhas de chá", disse Omer.
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