As autoridades de saúde britânicas ainda estão a investigar os motivos do fenómeno, porém admitem que tal pode dever-se simplesmente a uma mudança no tipo de pessoas que são testadas ou são examinadas nos hospitais.
Lucy Chappell, professora e consultora obstetra e porta-voz do Royal College of Obstetricians and Gynaecologists (RCOG), disse em declarações ao jornal The Sun Online: "estamos a assistir a um possível sinal de que as admissões hospitalares e doença severa possam ser mais comuns nas mulheres grávidas, comparativamente às não gestantes, sobretudo em mulheres que estão no terceiro trimestre da gravidez".
"Neste momento ainda estamos a recolher dados de modo a monitorizar a situação", acrescentou.
As novas informações advêm de um relatório emitido este mês acerca dos pacientes em estado crítico em Inglaterra, País de Gales e Irlanda do Norte, compiladas pelo centro de pesquisa de cuidados intensivos Intensive Care National Audit and Research Centre (ICNARC).
O documento revela que há uma maior proporção de mulheres grávidas doentes internadas em hospitais, relativamente ao que sucedeu na primeira vaga de infeção pelo novo coronavírus SARS-CoV-2, causador da Covid-19.
Sete por cento das mulheres com menos de 50 anos internadas no hospital com Covid confirmada entre setembro e janeiro estavam grávidas na altura.
Valor que está acima dos 3,7% vistos nos cuidados intensivos até 31 de agosto
Entretanto, a percentagem de gestantes que precisaram de ventilação dentro de 24 horas também aumentou de 2,4 para 6%.
As mesmas tendências ascendentes foram observadas em mulheres que estiveram recentemente grávidas e deram à luz nas passadas seis semanas.
Edward Morris, médico e presidente do RCOG, afirmou: "estamos cientes de que as mulheres grávidas representam uma fração maior dos internamentos de terapia intensiva com Covid-19 no estudo do ICNARC.
"Estamos atualmente a examinar o porquê do fenómeno, mas existem algumas possíveis razões".
O especialista considera que poderá ser porque o número de mulheres grávidas que precisam de cuidados intensivos é tão baixo, que qualquer mudança é "magnificada".
"Sabemos que há um aumento da prevalência do vírus entre as faixas etárias mais jovens nesta vaga", partilhou Morris, na medida em que previamente outros médicos já mencionaram que a segunda e terceira vaga levaram à hospitalização de pessoas mais jovens.
"Outro fator é que poderá haver mais mulheres a testar positivo para Covid-19 por qualquer outro motivo, e a testagem têm aumentado", contemplou.
Todavia, tornou-se claro que de todas as futuras mães, as do terceiro trimestre são as mais prováveis de necessitarem de cuidados intensivos devido à Covid-19. E tal pode resultar do facto do volume das suas barrigas colocar por sua vez pressão extra nos pulmões.
Morris explicou: "as mulheres que adoecem gravemente com Covid-19 nos estágios mais avançados da gravidez têm um risco superior de que o bebé nasça prematuramente, o que pode afetar a sua saúde a logo prazo".
Contudo, os estudos sugerem que é improvável que a Covid provoque abortos espontâneos ou o nascimento de nados-mortos.