Uma equipa de investigadores descobriu que a variante entrou nos Estados Unidos através de vários pontos, em novembro de 2020, e, apesar de revelar uma frequência de deteção relativamente baixa, deverá tornar-se a estirpe do novo coronavírus dominante nos Estados Unidos já em março.
Os cientistas concluem ainda que a taxa de transmissão é pelo menos 35 a 45% mais elevada do que as variantes mais comuns e que a prevalência duplica a cada 10 dias.
O estudo resulta do trabalho de uma equipa liderada por investigadores do Scripps Research Institute, que analisou meio milhão de amostras de testes coligidos em todo o país, desde o verão passado.
O relatório, divulgado no domingo, ainda não foi revisto por pares, mas oferece o retrato mais abrangente até agora sobre a disseminação da variante B117 (que foi inicialmente detetada no Reino Unido) nos Estados Unidos.
O Reino Unido registou uma vaga devastadora de covid-19 depois de a estirpe B117 se ter tornado a variante mais relevante no país, sendo depois espalhada para vários países europeus, incluindo Portugal e Irlanda.
"A B117 é muito mais contagiosa - portanto, pode rapidamente dominar um país", escreveu Ashish Jha, reitor da Escola de Saúde Pública da Universidade Brown, numa resposta ao estudo.
Se a Irlanda revelou um sucesso relativo na contenção da pandemia de covid-19 no final de 2020, a variante B117 causou uma vaga exponencial em janeiro, da qual o país ainda se está a recompor.
Os Estados Unidos são o país mais afetado pela pandemia em termos de mortes e contaminações, com mais de 460.000 mortes para mais de 27 milhões de casos registados, de acordo com a contagem da Universidade Johns Hopkins.
Contudo, o mais recente pico observado nos EUA foi em 08 de janeiro e o número de novos casos diários tem vindo a diminuir.
Os autores do estudo pedem às autoridades norte-americanas para aumentarem a sua capacidade de vigilância de genoma para a covid-19, dizendo temer que a variante detetada inicialmente no Reino Unido pode provocar uma nova vaga da pandemia.
As vacinas atualmente autorizadas nos Estados Unidos são eficazes contra esta variante.
A pandemia de covid-19 provocou, pelo menos, 2.316.812 mortos no mundo, resultantes de mais de 106 milhões de casos de infeção, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.
A doença é transmitida por um novo coronavírus detetado no final de dezembro de 2019, em Wuhan, uma cidade do centro da China.