Beber uma ou mais chávenas de café puro diariamente foi associado a um risco diminuto de insuficiência cardíaca a longo prazo, segundo uma revisão de dados de dieta de três grandes estudos baseados em ferramentas analíticas da American Heart Association, revela a CNN.
Todavia, o benefício não englobou o café descafeinado. Ao invés, a pesquisa determinou uma ligação entre essa variante de café com um risco mais elevado de ocorrência de insuficiência cardíaca.
"Embora não seja possível provar a causalidade, é intrigante que esses três estudos sugiram que beber café está associado a uma diminuição do risco de insuficiência cardíaca e que pode fazer parte de um padrão alimentar saudável, se consumido puro, sem adição de açúcar ou de lacticínios com alto teor de gordura", afirma a nutricionista Penny Kris-Etherton, ex-presidente do Comité de Liderança do Conselho de Saúde Cardiometabólica e Estilo de Vida da American Heart Association.
O estudo
O trabalho científico, publicado na revista AHA Circulation: Heart Failure, analisou informações dietéticas auto-relatadas do Framingham Heart Study original, explica a CNN.
Este estudo, que teve início em 1948, envolveu mais de cinco mil indivíduos, que não sofriam de nenhuma doença cardíaca diagnosticada, habitantes em Framingham, Massachusetts, nos Estados Unidos. Além destas pessoas, os seus descendentes foram acompanhados durante 72 anos ao longo de três gerações.
A nova análise utilizou ferramentas ultra modernas da Plataforma de Medicina de Precisão da AHA de modo a comparar os dados dos que viviam em Framingham ao Estudo de Risco de Aterosclerose em Comunidades – um estudo longitudinal, birracial – e ao Estudo de Saúde Cardiovascular, que por 10 anos investigou o risco cardiovascular em adultos com mais de 65 anos.
No total, os estudos revelaram informações dietéticas de mais de 21 mil americanos adultos.
Em particular, nas pesquisas Framingham Heart e Cardiovascular Health, comparativamente a pessoas que não consumiam café, a análise apurou que a probabilidade de ocorrência de insuficiência cardíaca reduziu entre 5% e 12% para cada chávena de café ingerida todos os dias.
Mais ainda, o risco de insuficiência cardíaca permaneceu igual para quem não bebeu café ou tomou uma chávena por dia, segundo o Estudo de Risco de Aterosclerose em Comunidades, refere a CNN. Mas quando as pessoas bebiam duas ou mais xícaras de café preto por dia, a diminuição era de cerca de 30%, descobriu a análise.
"A associação entre a cafeína e a redução do risco de insuficiência cardíaca foi surpreendente", mencionou David Kao, diretor médico do Colorado Center for Personalized Medicine, da University of Colorado School of Medicine, em Aurora.
"Café e cafeína são frequentemente considerados pela população em geral como 'maus' para o coração porque as pessoas os associam a palpitações, pressão alta etc. A relação consistente entre o aumento do consumo de cafeína e a redução do risco de insuficiência cardíaca vira essa suposição do avesso", concluiu Kao.
