Em comunicado, o gabinete de comunicação do movimento afirma que a Fashion Revolution Week vai ser em formato 'online' com 'webinars', #OpenFactory e círculos de partilha "sobre os temas mais relevantes trazidos pelos seguidores e consumidores".
O Fashion Revolution é um movimento global que tem o objetivo de sensibilizar os consumidores para o impacto social, ambiental e económico da indústria da moda, "escrutinando as práticas da indústria a uma escala global", tendo estabelecido, entre outras iniciativas, um índice de transparência, que avalia as 250 maiores marcas, no que se refere à sua atuação e cadeia de fornecimento.
Num ano marcado pela pandemia da covid-19 e, consequentemente, crises sociais, o Fashion Revolution diz ser "tempo de exigir transparência e ação política, muito para lá de questionar #WhoMadeMyClothes ['quem fez estas roupas'] ou #WhoMadeMyFabric [este tecido]".
"Exigimos responsabilização das marcas no cumprimento de direitos humanos fundamentais e apelamos à solidariedade do consumidor com todos os trabalhadores da cadeia de produção de moda, em todas as partes do mundo", salienta a organização.
A edição deste ano centra-se, entre outros temas, "na reflexão sobre o poder do indivíduo consumidor na mudança política e sistémica necessária a um mundo mais justo para todos".
Com a ajuda de membros da comunidade, o movimento vai "levantar o véu" às denúncias de trabalho forçado da minoria Uyghur, na província de Xinjiang, na China, em fábricas de têxteis que produzem para grandes marcas mundiais, numa ação de alerta sob o lema #payup ('paguem aos vossos trabalhadores').
A Fashion Revolution Week vai também responder à "difícil pergunta", "Para onde vão as roupas que doamos?", explorando os mercados de segunda mão do continente africano, como de Kantamanto em Accra, no Gana, "onde chegam 15 milhões de peças de roupa todas as semanas".
As marcas de 'fast-fashion' que "destroem milhões de milhões de euros de roupa não vendida", as encomendas devolvidas 'online' e as implicações das mudanças nas políticas de agricultura na Índia (um dos maiores produtores de algodão) são alguns dos temas que estão também em destaque.
Entre as campanhas de ativação 'online', o evento vai conectar-se em direto com 10 fábricas/ateliers de diferentes marcas portuguesas, no âmbito da #OpenFactory, com o intuito de mostrar "uma maior transparência na cadeia de abastecimento".
Durante todos os dias vão ser transmitidos, pelas 18:30, 'webinars' que visam ensinar os consumidores a serem ativistas, repensar a relação com a roupa e gerir o desperdício têxtil, alertando de igual modo os profissionais.
A edição de 2021 conta com um novo formato -- Círculos de Partilha -- que vai decorrer nos dias 24 e 25 de abril, das 10:30 às 12:00, para profissionais do setor e consumidores.
"Este encontro 'online' é mais pessoal, terapêutico e privado, facilitado pela especialista no método 'Way of Council'" Cândida Rato, acrescenta.
A semana foi criada pela associação britânica sem fins lucrativos Fashion Revolution, fundada após o colapso do complexo têxtil Rana Plaza, situado em Dacca, no Bangladesh, em abril 2013, no qual morreram 1.100 trabalhadores.
O Rana Plaza era um edifício com nove andares que albergava diversas unidades de confeções, onde eram fabricadas peças para várias marcas de moda, como a Benetton, a Primark ou a Mango.
A edição da Fashion Revolution Week anterior à pandemia, em abril de 2019, decorreu em mais de cem países, com mais de mil inciativas e um alerta para o verdadeiro custo da roupa. Em Lisboa, na altura, a Casa do Impacto acolheu o Fashion Revolution Day, com vários debates, a exibição de um documentário e um 'swap market', de troca de peças de roupa.
O projeto tem também sido apresentado em várias edições da ModaLisboa.
Dados publicados pelo Fórum Económico Mundial, em 2020, identificavam a indústria da moda como responsável por 10% das emissões de dióxido de carbono, a nível global, e a segunda maior consumidora de água potável, a seguir à agricultura.
Em fevereiro, a plataforma The Eco Experts colocava a indústria da moda no terceiro lugar da atividade mais poluidora a nível mundial, a seguir à indústria do petróleo e à agricultura.
O programa completo será "publicado em breve", no 'site' da Fashion Revolution, www.fashionrevolution.org, e na página da Fashion Revolution Portugal, no Facebook.
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