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Variante detetada na Índia: O que sabemos acerca da dupla mutação

O governo indiano indiano anunciou, esta quarta-feira, a presença de uma nova variante do coronavírus com uma dupla mutação.

Variante detetada na Índia: O que sabemos acerca da dupla mutação
Notícias ao Minuto

08:01 - 25/03/21 por Notícias ao Minuto

Lifestyle Covid-19

Esta quarta-feira, o governo indiano anunciou a presença de uma nova variante do coronavírus no país. Trata-se da junção, no mesmo vírus, de duas mutações distintas: a E484Q e L452R.

Mas o que é uma dupla mutação e que riscos acarreta?

Como explica a BBC, todos os vírus, SARS-CoV-2 incluído, transformam-se à medida que passam de uma pessoa para outra. A grande maioria dessas mutações é irrelevante e não altera a forma como o vírus se comporta, outras, porém, desencadeiam mudanças na proteína spike, que o vírus usa para se agarrar e entrar nas células humanas. Estas últimas podem ser mais infecciosas, causar doenças mais graves ou fazer com que as vacinas percam eficácia.

No caso específico da variante detetada na Índia, verifica-se uma dupla mutação, ou seja, duas mutações - E484Q e L452R - convergem no mesmo vírus. "Essas mutações [duplas] conferem escape imunológico e aumento da infecciosidade", disse o ministério da saúde indiano.

Em declarações à BBC, o virologista Shahid Jameel explicou que o E484Q é semelhante à E484K - uma mutação observada nas variantes B.1.351 (África do Sul) e P.1 (Brasil). Se ocorrerem mutações suficientes na linhagem viral, o vírus pode começar a funcionar de maneira diferente e a linhagem pode tornar-se numa 'variante preocupante'.

Em relação à mutação L452R, esta foi encontrada primeira vez como parte da linhagem B.1.427/B.1.429 nos EUA, por vezes chamada de 'variante da Califórnia', disse o também virologista Jeremy Kamil.

As duplas mutações são raras?

"Agora é extremamente comum ver mais do que uma mutação ao mesmo tempo - mesmo que nos limitemos à proteína spike", afirma Jeremy Kamil. Segundo o mesmo, no início da pandemia, a maioria dos genes spike tinha apenas uma mutação - D614G. Agora essa mutação é dominante e está em todo o lado, "então vemos outras em cima dela", acrescenta.

Devemos estar mais preocupados com a nova variante?

Mutações na proteína spike podem tornar o vírus mais eficaz a infetar pessoas ou podem ajudar o vírus a escapar dos anticorpos neutralizantes. Isso significa que, se o vírus sofrer mutação "da maneira certa", ele pode reinfectar alguém que já recuperou da Covid-19.

Porém, o virologista Jeremy Kamil diz que, ao contrário de outras variantes, a nova variante dupla da Índia provavelmente não será mais mortal ou mais transmissível por natureza, mas que mais dados são necessários para ter certeza.

Leia Também: Índia deteta nova variante da Covid-19

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