Na semana em que Portugal - há exceção de dez concelhos - deu início à terceira (e penúltima) fase do plano do desconfinamento, um estudo feito pela FREE NOW, e implementado pela Kantar, revela que os portugueses são dos cidadãos europeus aqueles que devido às restrições impostas pela pandemia passaram a valorizar mais os afetos, os abraços, os beijos.
O inquérito, que foi realizado em oito países - Espanha, França, Irlanda, Itália, Polónia, Portugal, Reino Unido e Roménia - conclui que "65% dos portugueses passou a dar maior importância às manifestações de afeto". Logo atrás estão os vizinhos espanhóis (57%), e a fechar o 'top 3' os romenos (43%).
Mas além dos afetos, os portugueses revelam sentir também falta das refeições em família e entre amigos (62%), bem como da possibilidade de fazer planos de 'última hora' (46%). Ações que, recorde-se, desde há um ano estão limitadas e que chegaram até a estar proibidas - a circulação entre concelhos, por exemplo, vigorou durante vários meses.
"Os portugueses são realmente um povo de afetos e este estudo vem comprovar isso mesmo. Vivemos tempos muito conturbados que nos colocaram a todos à prova, tanto a nível pessoal como profissional", afirma Sérgio Pereira, general manager da FREE NOW.
E quanto a normalidade voltar?
Findas as limitações e as regras que a Covid-19 impôs em Portugal e no mundo, o que mais desejam os cidadãos voltar a fazer? Tanto os portugueses (23%) como os espanhóis (24%) inquiridos são unânimes: o reencontro com os familiares seniores.
A este desejo segue-se a possibilidade de voltar a comer fora, num restaurante (16%), algo que começou esta segunda-feira a ser possível por cá embora com limitações, e fazer uma viagem (11%). Esta lista de desejos é, aliás, comum aos vários europeus que participaram neste estudo.
Hábitos que a pandemia trouxe
Obrigados ao confinamento em casa, alguns hábitos mudaram e outros acentuaram-se. Ver televisão (52%), cozinhar (38%) e manter contactos online (36%) são as ações que os portugueses passaram a fazer mais durante a pandemia, com destaque para as séries e filmes (52%) que passaram a ser a forma mais frequente de passar o tempo - 41% revela, porém, que manteve a mesma frequência do pré-pandemia.
Outro hábito que mudou, e este mais saudável, foram os passeios, com 27% dos portugueses a admitir que passou a preferir andar a pé. Ainda assim, no contexto dos países europeus em análise, Portugal é aquele em que esta opção teve menos adesão.
Em Itália, por exemplo, os passeios a pé aumentaram significativamente (50%), segue-se o Reino Unido (46%), Espanha (44%), Irlanda (44%), França (38%), Roménia (36%) e Polónia (30%). Portugal está assim no último lugar da lista.
Este estudo, desenvolvido pela FREE NOW e implementado pela Kantar em oito países europeus onde a plataforma de mobilidade está presente (Espanha, França, Irlanda, Itália, Polónia, Portugal, Reino Unido e Roménia), contou com uma amostra média de mil inquéritos por país e decorreu na semana de 12 a 19 de março - ou seja, num momento em que o país começava a dar os primeiros passos rumo ao desconfinamento.