Um novo estudo, realizado por uma equipa de cientistas do Instituto Salk, nos Estados Unidos, e publicado esta sexta-feira no jornal científico Circulation Research, afirma que a Covid-19, apesar de ter sido inicialmente considerada uma doença respiratória, é, na verdade, uma doença vascular. Os investigadores acreditam que a descoberta pode ajudar a compreender melhor as complicações da doença, de forma a criar tratamentos mais eficazes.
Para chegar a esta conclusão, os investigadores procuraram saber como a proteína spike do vírus contribui para danificar células endoteliais vasculares. Para isso, criaram um vírus semelhante ao SARS-CoV-2, com uma coroa de proteínas spike, usada no processo de entrada nas células.
Depois de terem sido feitos testes com animais, verificou-se que este 'pseudovírus' (como descreve a revista Galileu), causou danos em pulmões e artérias, provando que a proteína spike trabalha sozinha para adoecer o organismo. Amostras de tecido verificaram inflamação nas células endoteliais da artéria pulmonar.
Em seguida, os cientistas repetiram o processo em laboratório. Colocaram, mais uma vez, as células endoteliais das artérias do pulmão em contato com a proteína spike. Acontece que outra proteína, ACE2, se liga à spike como um recetor. Esta ligação entre as duas proteínas interrompe a sinalização molecular que a ACE2 faz para as mitocôndrias, organelas responsáveis por gerar energia. Como explica a Galileu, as mitocôndrias das nossas células são danificadas e a pessoa adoece.
"Isto poderia explicar porque é que algumas pessoas têm derrames e outras têm problemas noutras partes do corpo. A semelhança entre os casos é que todos têm bases vasculares”, afirma um dos autores do estudo, Uri Manor, do Instituto Salk.
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