O estudo, denominado 'Projeto S' e divulgado pelo Instituto Butantan e pelo Governo de São Paulo, mostrou ainda que a imunização da população adulta do município de Serrana fez os casos sintomáticos de covid-19 diminuírem 80%, os internamentos 86% e as mortes 95%.
"O estudo indica que, com 75% da população-alvo imunizada com as duas doses da vacina Coronavac, a pandemia foi controlada em Serrana e isso pode reproduzir-se em todo o Brasil. Os resultados demonstram de forma categórica o que poderia estar a acontecer no Brasil inteiro, se não fosse o atraso na vacinação", afirmou o governador de São Paulo, João Doria.
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O estudo, pioneiro a nível mundial, mostrou que a vacinação protege tanto os adultos imunizados, quanto crianças e adolescentes que não receberam a vacina.
"O resultado mais importante foi entender que podemos controlar a pandemia mesmo sem vacinar toda a população. Quando atingida a cobertura de 70% a 75%, a queda na incidência foi percebida até no grupo que ainda não tinha completado o esquema vacinal", explicou o diretor de ensaios clínicos do Butantan, Ricardo Palacios, que liderou o estudo.
A análise ocorreu em Serrana, no interior do estado de São Paulo e que abriga 45 mil habitantes, dos quais cerca de 27 mil, maiores de 18 anos, foram imunizados com a Coronavac, vacina do laboratório chinês Sinovac, entre 17 de fevereiro e 11 de abril.
Serrana foi escolhida porque apresentava um alto índice de prevalência de infeções pelo novo coronavírus.
Para o estudo, a cidade foi dividida em 25 subáreas, formando quatro grandes grupos populacionais que receberam o imunizante em semanas sucessivas. A vacina foi oferecida a todos os maiores de 18 anos elegíveis para o estudo em quatro etapas e datas distintas.
"Outra conclusão importante é a avaliação da incidência da doença em Serrana na comparação com as cidades vizinhas. Serrana tem cerca de 10 mil moradores que trabalham em Ribeirão Preto diariamente. Porém, enquanto Ribeirão Preto e cidades da região vêm apresentando aumento de casos, Serrana manteve taxas de incidência baixas graças à vacinação", indicou o Butantan, em comunicado.
"Ou seja, além da queda das infeções, os moradores que transitam em outras cidades não trouxeram um incremento relevante nos casos. O 'Projeto S' criou um 'cinturão imunológico' em Serrana, uma barreira coletiva contra o vírus, reduzindo drasticamente a transmissão no município", acrescentou o instituto, que produz no Brasil a Coronavac.
A redução foi constatada através da comparação dos dados do início do projeto -- até ao fim da vacinação de todos os grupos - com o restante do trimestre avaliado (fevereiro, março e abril de 2021).
Os dados indicam que em 16 de fevereiro, um dia antes do início do processo de vacinação massiva, Serrana somou 57 óbitos e 2.499 casos confirmados do vírus.
Após a imunização, os casos caíram para 699 em março e 251 em abril. As mortes diminuíram de 30 para seis no mesmo período.
O Brasil, um dos países mais afetados pela pandemia em todo o mundo, totaliza 461.931 óbitos e 16.515.120 infeções pelo novo coronavírus.
A pandemia de Covid-19 provocou, pelo menos, 3.543.125 mortos no mundo, resultantes de mais de 170,2 milhões de casos de infeção, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.
A doença é transmitida por um novo coronavírus detetado no final de 2019, em Wuhan, uma cidade do centro da China.
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