De acordo com um artigo publicado pela revista Galileu, um novo estudo internacional aponta para resultados promissores relativamente à combinação de fármacos antivirais no tratamento da Covid-19.
Investigadores demonstraram que há sinergia entre substâncias que inibem as enzimas que permitem que o coronavírus se reproduza mais eficientemente e que, quando emparelhados, os medicamentos têm o potencial de reduzir a replicação do patógeno em até dez vezes mais do que separadamente.
Publicado na Communications Biology, uma publicação da revista científica Nature, a pesquisa revela que os inibidores da polimerase e da exonuclease, quando combinados, agem em uníssono impedindo que o SARS-CoV-2 se reproduza nas células humanas infetadas.
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"Estudamos inibidores de uma enzima essencial para a biologia do SARS-CoV-2, a exonuclease, que permite maior estabilidade genética ao vírus e ajuda-o a selecionar variantes virais, como aquelas que escapam da respostas imunes do organismo, por exemplo. A exonuclease seleciona o conjunto genético mais abundante do vírus e permite que cópias desse conjunto sejam replicadas, isso tudo em cooperação com outra enzima, a polimerase", disse um dos coordenadores do estudo, Thiago Moreno L. Souza, investigador do Centro de Desenvolvimento Tecnológico em Saúde.
De modo a melhor entender possíveis formas de combater esses mecanismos, explica a revista Galileu, Souza e uma equipa de investigadores criaram um projeto de modelagem computacional, enzimático e celular, que provou que uma seleção de moléculas aprovadas para tratar Hepatite C consegue igualmente bloquear a exonuclease do novo coronavírus.
Contudo, os cientistas constataram que essa ação não sucede numa quantidade ideal capaz de combater o SARS-CoV-2.
"Essas moléculas atuam em uma diferença de mil vezes de potência, sendo muito mais potente contra o vírus da Hepatite C", salientou o investigador.
Consequentemente, os investigadores focaram-se em combinações de moléculas que pudessem conduzir a melhores resultados. Nomeadamente, os inibidores de polimerase – como o Remdesivir aprovado pela FDA para tratar Covid-19, mas ainda com eficácia clínica limitada.
"Ao combinarmos os medicamentos que já era conhecidos inibidores da RNA polimerase com as substâncias reposicionadas para bloquear a exonuclease, tivemos resultados promissores que merecem investigações aprofundadas do ponto de vista clínico", partilhou Thiago Souza.
O estudo de laboratório teve êxito ao inibir a função de replicação do vírus e a de revisão da replicação. Atualmente, para os investigadores o próximo passo consiste em analisar as suas descobertas num modelo animal. Entretanto, se posteriormente essa análise for bem sucedida o estudo poderá seguir para ensaios clínicos.
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