O que é e como prevenir vírus que paralisou o cantor Justin Bieber

Está presente no sistema nervoso de mais de 90% das pessoas com mais de 50 anos. Mas, afinal, o que é? Como prevenir? Tiago Meirinhos, secretário-geral da Sociedade Portuguesa de Reumatologia e coordenador da Unidade de Reumatologia do Centro Hospitalar do Tâmega e Sousa, responde.

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Ana Rita Rebelo
11/07/2022 09:00 ‧ 11/07/2022 por Ana Rita Rebelo

Lifestyle

Entrevista

O conhecido cantor canadiano Justin Bieber, de 28 anos, foi recentemente notícia depois de ter anunciado uma pausa forçada na carreira "por motivos de saúde". Mais tarde, num vídeo publicado na rede social Instagram, a estrela pop revelou os motivos do afastamento.

"Como podem ver no meu rosto, tenho esta síndrome, designado Ramsay Hunt, e este vírus, que atacou o nervo do meu ouvido e os meus nervos faciais, causou a paralisia na minha cara", explicou aos fãs.

E o que esteve na origem desta paralisia? O vírus da varicela, que se designa por varicela zoster ou herpes zoster. Os sintomas podem incluir dor, vertigens, manchas e bolhas vermelhas junto à orelha e problemas de audição.

A boa notícia é que "existe, atualmente, uma vacina eficaz para prevenir o aparecimento da zona e atenuar as suas manifestações no caso de ela aparecer", afirma Tiago Meirinhos, secretário-geral da Sociedade Portuguesa de Reumatologia e coordenador da Unidade de Reumatologia do Centro Hospitalar do Tâmega e Sousa, em entrevista ao Lifestyle ao Minuto.

Apesar de a zona ser uma doença a que toda a população está sujeita, mais de 90% das pessoas com mais de 50 anos vivem com este vírus no seu sistema nervoso. Estima-se também que um em cada três adultos venha a desenvolver infeção por herpes zoster ao longo da vida, devido à deterioração gradual do sistema imunitário.

Notícias ao Minuto Tiago Meirinhos

O que é a zona?

A zona, ou herpes zoster, é uma doença provocada pela reativação do vírus da varicela (vírus varicela zoster). Este vírus provoca a varicela, ficando depois adormecido nas células do sistema neurológico, podendo ser reativado durante a fase adulta em cerca de 30% da população previamente infetada, ocorrendo geralmente em pessoas acima dos 50 anos. A zona manifesta-se por lesões cutâneas muito dolorosas e pruriginosas, que têm a duração de duas a quatro semanas, e são responsáveis por um grande sofrimento.

Quer isso dizer que todas as pessoas que tiveram varicela estão em risco de ter zona.

Sim. Pode ocorrer em cerca de 30% dos adultos, geralmente acima dos 50 anos. Existem, no entanto, alguns subgrupos nos quais o risco de zona é superior, nomeadamente doentes imunossuprimidos, por doença ou medicação, e doentes com cancro, nomeadamente linfomas.

A dor aumenta progressivamente, tornando-se muito intensa e com grande impacto na qualidade de vida do doente, muita vezes impossibilitando até o sono

A que sintomas devem essas pessoas prestar atenção?

Numa fase inicial, o sintoma mais comum é um formigueiro ou parestesias, geralmente unilaterais a nível dorsal ou no tronco, embora possa atingir a face e região ocular e, nesses casos, com maior gravidade e pior prognóstico. Posteriormente, as parestesias evoluem para ardor, prurido e dor associada. Numa segunda fase, surgem então as lesões típicas de zona, que são manchas avermelhadas e pequenas bolhas que contêm um líquido transparente. A dor aumenta progressivamente, tornando-se muito intensa e com grande impacto na qualidade de vida do doente, muita vezes impossibilitando até o sono. As lesões bolhosas vão dando lugar a crostas que cicatrizam em sete a 10 dias.

É transmissível?

As lesões de zona por si não aumentam o risco de contrair zona, mas em pessoas sem história de varicela prévia, esta pode desenvolver-se após contacto com estes doentes. Nesses casos, o contacto com doentes com zona deverá ser evitado, principalmente na fase bolhosa.

a maior complicação associada à zona é nevralgia pós herpética, que ocorre em cerca de 5 a 30% dos doentes com zona

Qual o período de contágio? E de incubação?

O período de contágio pode durar até duas semanas e o de incubação de dois a quatro dias após contacto com a pessoa infetada.

Quais as principais complicações associadas?

Geralmente, a zona resolve-se em quatro semanas com o tratamento adequado. Nos casos de zona ocular, uma das complicações é a perda de visão, motivo pelo qual estes casos são de maior gravidade. No entanto, a maior complicação associada à zona é nevralgia pós herpética, que ocorre em cerca de 5 a 30% dos doentes com zona. A nevralgia pós herpética manifesta-se por dor crónica no local da zona (definida como dor com duração superior a 120 após a zona e descrita como 'queimadura constante', 'formigueiro', 'ardor' ou 'facada'), sendo esta muito intensa e de difícil tratamento, estando também associada ao desenvolvimento de depressão e perda de qualidade de vida. Outra das complicações associadas é a sobreinfeção das lesões cutâneas, com necessidade de tratamento antibiótico suplementar, prolongando a duração da zona.

Existe tratamento?

Sim e deve ser feito o mais precocemente possível, geralmente nos primeiros dias de sintomas, motivo pelo qual todos devemos estar atentos.  

Mesmo depois de ter zona, é possível que a mesma pessoa venha a ter um novo episódio

Em que consiste?

Para o tratamento são utilizados vários tipos de medicamentos, que consistem em antirretrovirais e analgésicos para controlar a forte dor associada. Atualmente, ainda não existem medicamentos que permitam erradicar o vírus da varicela do nosso organismo. No entanto, existe atualmente uma vacina eficaz para prevenir o aparecimento da zona e atenuar as suas manifestações no caso de ela aparecer.

Depois de tratada, a zona volta a causar problemas?

Mesmo depois de ter zona, é possível que a mesma pessoa venha a ter um novo episódio, que geralmente ocorre numa região/dermátomo diferente.

Leia Também: Justin Bieber atualiza fãs sobre estado de saúde e refugia-se na fé

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