O papel higiénico foi identificado como uma "fonte inesperada" de substâncias perfluoroalquiladas (PFAS, na sigla em inglês) por uma equipa de quatro cientistas da Universidade da Florida, nos Estados Unidos, que foi tentar compreender a presença nos esgotos destes compostos transportados por papel higiénico.
Os cientistas analisaram rolos de papel higiénico embalados provenientes de países nas Américas do Norte, do Sul e Central, em África e na Europa Ocidental. Foram igualmente analisadas amostras de lodo de esgoto provenientes de oito estações de tratamento de águas residuais na Florida, nos Estados Unidos. Portugal não foi considerado na amostra - ainda que, segundo um estudo divulgado pela QS Supplies, seja o país que mais consome papel higiénico por habitante no mundo. O objetivo era extrair PFAS das amostras de papel e das de esgoto para testar a presença de 34 dos mais de nove mil compostos que compõem a classe de PFAS.
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"Os nossos resultados sugerem que o papel higiénico deve ser considerado uma potencial fonte importante de PFAS que entra nos sistemas de tratamento de águas residuais", pode ler-se no estudo publicado, esta quarta-feira, 1 de março, na revista científica Environmental Science and Technology Letters.
Mas, afinal, o que são PFAS? Em causa estão compostos químicos, muito utilizados em processos industriais, dispositivos médicos e produtos que todos usamos diariamente. Não ocorrem naturalmente no ambiente, tendo sido desenvolvidos devido às suas propriedades repelentes ou antiaderentes. São extremamente resistentes na natureza, por dificilmente se decomporem e por contaminarem a água potável, os solos e o ar. Embalagens para a comida, papel e tintas são exemplos de produtos que podem conter estas substâncias.
"Alguns fabricantes de papel adicionam PFAS ao converter madeira em celulose, que pode ficar para trás e contaminar o produto de papel final. Além disso, o papel higiénico reciclado pode ser feito com fibras provenientes de materiais que contenham PFAS", lê-se no comunicado de imprensa divulgado pela Sociedade Norte-Americana de Química.
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