Pedimos a uma médica para reagir ao vídeo polémico de Alice Santos

A tiktoker e concorrente do programa da TVI 'O Triângulo' é um 'fenómeno' nas redes sociais pelos 'conselhos' que dá aos seus seguidores, principalmente sobre saúde. Maria Moreno, médica psiquiatra na Fisiogaspar, analisou as polémicas declarações da jovem portuguesa, de 22 anos.

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© Reprodução TikTok alicesantos0204

Ana Rita Rebelo
10/03/2023 15:23 ‧ 10/03/2023 por Ana Rita Rebelo

Lifestyle

Saúde

Ou se 'ama' ou se 'odeia'. Uma coisa é certa: ninguém fica indiferente às declarações de Alice Santos. A tiktoker e concorrente do reality show 'O Triângulo' da TVI ficou viral nos últimos meses por considerar que a depressão se cura com exercício, "uma boa nutrição" e exposição ao sol. A influenciadora de 22 anos chegou mesmo a ir mais longe, considerando que "nem devia ser permitido andar por aí a recomendar antidepressivos".

De acordo com a mesma, estes medicamentos "fazem pior". "Não há nada melhor do que exercitar, ter uma boa nutrição e apanhar sol. Esse é o melhor antidepressivo que alguém pode tomar."

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No TikTok, rede social onde Alice Santos soma mais de 96 mil seguidores, choveram críticas ao vídeo na origem da polémica. "Como estudante de medicina, estou abesbilica, como cidadã estou preocupada" e "eu tenho vontade de chorar cada vez que vejo vídeos teus" são algumas das reações. 

@alicesantos0204 Replying to @Raquel Dos Santos original sound - Alice Santos

Contactada pelo Lifestyle ao Minuto, Maria Moreno, médica psiquiatra na Fisiogaspar começa por salientar que "é tão importante falar sobre doença mental como é importante a banalizar". "A depressão e a ansiedade não são estados de espírito, nem fenómenos de um único dia. A depressão não é tristeza. Tristeza é um fenómeno normal que todos nós já sentimos e surge porque algo menos bom sucede, mas depois passa. Depressão é uma doença com vários sinais e sintomas - a tristeza e não só", explica.

"A maior parte de nós nunca teve depressão. Surge, por vezes, sem motivo e persiste", enquanto "a tristeza passa com uma saída com amigos, a fazer exercício, indo jantar fora ou a apanhar sol", defende, referindo que "com depressão já não somos capazes de apreciar aquilo que antes nos dava prazer", uma vez que "é uma doença e, como doença que é, precisa de tratamento".

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Maria Moreno faz questão de sublinhar que "não é só a comida, a falta de sol ou a falta de vontade" que desencadeiam a doença. A culpada é, segundo a especialista, "a dupla habitual: genética e ambiente, que andam sempre de mãos dadas". "A uma maior vulnerabilidade juntam-se fatores de stress precoces ou presentes, como uma infância menos boa e, por exemplo, um aumento de stress laboral, que podem provocar uma desequilíbrio químico nos neurotransmissores produzidos pelo nosso cérebro." "Sendo os neurotransmissores os mensageiros no nosso cérebro, este desequilíbrio vai provocar erros nas mensagens que são formadas e provocar sintomas."

Notícias ao Minuto © Maria Moreno

Ainda assim, existem várias estratégias que podemos incluir no dia-a-dia para reduzir o risco. "É verdade", defende. "Mas não vamos confundir prevenção da doença com tratamento. A depressão é uma doença e como tal exige um tratamento estruturado e especializado, sob pena de não desaparecer ou tornar-se recorrente", ressalva. "Por vezes, a psicoterapia basta mas, quando já existe um desequilíbrio químico, só essa opção não chega, é mesmo preciso repor o equilíbrio químico com medicação. Uma medicação que é eficaz, segura, não causa dependência e não tem efeitos secundários na maioria das situações."

"O preconceito vende. O não consensual facilmente se torna viral e o estigma é um lugar-comum e confortável", mas "vamos ter a coragem de procurarmos ajuda e de nos informarmos. O principal motivo para o estigma é a falta de conhecimento", remata a médica.

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Serviços telefónicos de apoio emocional em Portugal

SOS Voz Amiga (entre as 16 horas e as meia-noite) -  213 544 545 (número gratuito) - 912 802 669 - 963 524 660 

Conversa Amiga (entre as 15 e as 22 horas) - 808 237 327 (número gratuito) e 210 027 159

SOS Estudante (entre as 20 horas e a uma da madrugada) - 239 484 020 - 915246060 - 969554545

Telefone da Esperança (entre as 20 e as 23 horas) - 222 080 707 

Telefone da Amizade (entre as 16 e as 23 horas) – 228 323 535

Todos estes contatos garantem anonimato tanto a quem liga como a quem atende. No SNS24 (808 24 24 24), o contacto é assumido por profissionais de saúde. Deve selecionar a opção 4 para o aconselhamento psicológico. O serviço está disponível 24 horas por dia, sete dias por semana.

Leia Também: Violência no namoro. Como saber se sou vítima e o que fazer?

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