Todos os dias o mesmo drama: o calor aperta e, ao mínimo esforço, dá por si a 'suar em bica', com manchas na roupa que de estético nada têm e um odor muito desagradável. Adivinhámos, não foi? Na maioria dos casos, a transpiração é inofensiva, mas quando a produção de suor é excessiva podemos estar perante uma condição chamada hiperidrose, que afeta cerca de 2 a 3% da população mundial e que se manifesta principalmente nas axilas, mãos, pés e rosto.
Felizmente, existe tratamento. Ainda assim, a solução dependerá sempre de cada caso. Mas para que nada fique por esclarecer, o Lifestyle ao Minuto esteve à conversa com Cátia Reis, especialista em medicina estética na My Clinique.
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Porque transpiramos?
O suor é o resultado de um processo fisiológico do nosso organismo - a termorregulação - que ajuda a baixar a temperatura do organismo.
E o que é isto de suar em demasia?
Se houver suor em excesso, sobretudo na ausência de estímulos como o calor ou exercício, podemos estar perante hiperidrose. Na maior parte dos casos trata-se de hiperidrose primária, que é uma condição benigna, onde há uma disfunção do processo do suor sem causa conhecida.
O que é exatamente a hiperidrose?
É uma condição que se caracteriza por suor em excesso, ou seja, que ultrapassa a resposta normal a calor, exercício ou stress. Classifica-se como hiperidrose primária - a idiopática ou sem causa conhecida - ou hiperhidrose secundária - a que surge em consequência de alguma patologia ou condição.
Acredita-se que possa ter uma componente hereditária, mas qualquer pessoa pode ser afetada
Atinge quantas pessoas a nível mundial?
Estima-se que possa atingir cerca de 2 a 3% da população mundial.
E em Portugal?
Portugal não foge destas estimativas. No entanto, como é uma condição subreportada e subdiagnosticada, poderá atingir muitas mais pessoas.
Quais as causas? Há uma relação hereditária associada a esta condição?
Sim. Acredita-se que possa ter uma componente hereditária, mas qualquer pessoa pode ser afetada.
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Normalmente, quem são as pessoas que apresentam esta condição?
A hiperidrose manifesta-se frequentemente na infância, é mais frequente no sexo feminino e tem tendência a agravar na puberdade.
É possível preveni-la?
Não, mas é possível prevenir as consequências, através da realização de tratamentos médicos/cirúrgicos e do uso de produtos específicos que reduzem a produção de suor. Vai sempre depender do objetivo e também do grau de hiperidrose.
Costuma ser muito evidente o constrangimento que esta condição impõe nos pacientes e é a razão principal pela qual procuram ajuda na consulta médica
A transpiração manifesta-se habitualmente onde?
As área mais afetadas costumam ser as axilas, as mãos, os pés e a face.
A que outros sintomas devemos prestar atenção?
Se houver sintomas associados como dor no peito, fraqueza, pulso muito acelerado, ou se o suor em excesso começa de forma repentina ou durante a noite, deve-se consultar um médico para descartar causas patológicas.
A que situações pode estar associado o suor excessivo?
A hiperhidrose secundária pode ser causada por várias doenças ou condições. Podem ser simples e benignas, como a gravidez e menopausa, mas também ser doenças como obesidade, patologia da tiroide, doença cardíaca, uso de alguns medicamentos, alguns tipos de infeções ou neoplasias.
Por tratar-se de uma situação incómoda, de que forma é que esta condição pode afetar o dia a dia das pessoas que dela sofrem?
Costuma ser muito evidente o constrangimento que esta condição impõe nos pacientes e é a razão principal pela qual procuram ajuda na consulta médica. É muito frequente não tirarem os casacos numa tentativa de esconder o suor na camisola ou evitarem cumprimentos, escrever em papel porque o molham e até usar calçado aberto que evidencie o suor. Em casos extremos, pode até levar a isolamento social e estados ansiosos e depressivos.
Como é feito o diagnóstico?
O diagnóstico é, sobretudo, clínico, e é feito através da história clínica e exame físico, mas também é possível recorrer a alguns testes para identificar com maior precisão as áreas afetadas.
Qual o tratamento?
O tratamento mais realizado e eficaz na consulta de medicina estética passa pela aplicação de toxina botulínica nas áreas afetadas (axilas, mãos e/ou pés). É um tratamento rápido, praticamente indolor e muito eficaz. Em poucos dias há uma redução significativa do suor, que se mantém por vários meses. Também existem opções com recurso a tecnologia, como é o caso da radiofrequência microagulhada ou, caso procurem uma solução mais definitiva, a cirurgia.
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Existe uma melhor altura do ano para tratar a hiperhidrose?
Na minha consulta de medicina estética é muito comum realizar estes tratamentos para hiperidrose com toxina botulínica na primavera/verão, porque quando o tempo começa a aquecer aumenta a quantidade de suor e também fica mais difícil de disfarçar. Mas pode ser tratado em qualquer altura do ano.
O suor não tem odor, ao contrário do que se pensa
De que forma se pode reduzir o odor a suor?
Esse odor denomina-se bromidrose e pode ser reduzido através do uso de desodorizantes, cujo objetivo é mascará-lo. Também poderá fazer sentido usar sabonetes antibacterianos.
Que outras dicas se podem aplicar no dia a dia?
Usar um antitranspirante ou desodorizante - pode consultar o seu médico ou farmacêutico para encontrar o produto mais indicado -, dar preferência a roupas largas, frescas, que não evidenciem o suor e evitar roupas justas e sintéticas, bem como ter uma peça de roupa extra caso seja necessário trocar. Se isto não for suficiente e continuar a causar constrangimento social e ansiedade, existem tratamentos médicos, simples e eficazes que melhoram rapidamente essa condição.
Qual a diferença entre desodorizante e antitranspirante?
O suor não tem odor, ao contrário do que se pensa, mas ao entrar em contacto com a pele e com algumas bactérias nela presentes, resulta frequentemente num odor desagradável. O desodorizante serve para mascarar esse odor. Já o antitranspirante diminui a quantidade de suor produzida. Normalmente também tem ação desodorizante e pode ser aplicado à noite.
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