Nesta altura do ano apetece um belo petisco. Desde o caracol até às famosas amêijoas à bulhão pato, passando pelo camarão, sobre o qual falaremos neste artigo, no âmbito da rubrica Alimento do Mês.
A nível nutricional, o camarão é uma fonte de proteínas. Este alimento fornece aminoácidos essenciais, ou seja, aqueles que temos obrigatoriamente de ingerir, pois o nosso corpo não os produz. Além disso, é também fonte de algumas vitaminas, a saber: vitamina B2, B3, B6 e B12. Já ao nível de minerais, é rico em selénio, zinco, ferro e fósforo.
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Estas vitaminas e minerais atuam no metabolismo energético, cérebro e produção de glóbulos vermelhos. Alguns minerais têm uma ação antioxidante na proteção celular como, por exemplo, na proteção dos tecidos e na cicatrização.
Mas, atenção, nem tudo é bom. O camarão é também uma fonte de colesterol. Por isso, pessoas que têm hipercolesterolemia [um termo médico aplicado quando os níveis de colesterol total ou o colesterol LDL, o 'mau', estão elevados] devem ingerir alimentos ricos em colesterol com moderação ou até mesmo evitá-lo.
© Magda Roma
Por outro lado, os mares já não são o que eram. Muitas vezes, a origem destes produtos é aquacultura. Sendo de origem do mar, com o aumento dos micro plásticos, bem como de metais pesados, há que ter noção que ingerir de forma não regrada estes alimentos pode também prejudicar-nos, pois estamos a consumir o produto por inteiro - não só as vitaminas, minerais, proteínas, mas também metais pesados e afins que, infelizmente poluem os mares. Quando falamos de aquacultura podem ser usados químicos de forma a controlar pragas ou doenças.
Aliado a esta problemática, algumas pessoas acusam alergia ou intolerância ao camarão. Além disso, o acondicionamento e confeção pode não ser cuidado, causando alguns problemas de saúde.
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Dependendo do tipo de marisco as proteínas podem diferir. No entanto, a proteína comum no marisco e moluscos é a tropomiosina, que é uma proteína que pode causar a alergia. No caso da alergia ao marisco, os sintomas são mais agressivos que numa intolerância alimentar, podendo chegar a anafilaxia, uma reação que poderá ser fatal, mediante a severidade na resposta do sistema imunológico. Os sintomas menos severos poderão ser identificados por manchas na pele, inflamação ocular, edema/inchaço no rosto, lábios e língua, podendo levar a episódios de asfixia, dificuldade em respirar, tosse, náusea, vomito, diarreia e desmaios.
Tratando-se de uma dificuldade digestiva e tendo o marisco maioritariamente proteína na sua constituição, acredita-se que a intolerância alimentar ao marisco deve-se igualmente à presença das proteínas do mesmo que não são reconhecidas por enzimas digestivas, podendo provocar um conjunto de sintomas gastrointestinais, tais como dor abdominal, edema, diarreia, obstipação e vómitos.
Por vezes, nesta altura do ano, ouvimos falar do problema das toxinas do marisco que causam problemas gastrointestinais, mas a que se deve as contaminações? Atualmente, mais que em qualquer altura da existência humana, a poluição das águas é um problema crescente, o que pode levar ao aumento de contaminantes como fertilizantes e produtos químicos na água, que, por sua vez, fazem com que surja a presença desses mesmos poluentes no marisco. E no processo de armazenamento, quebra de temperaturas e na confeção dos mariscos, pode haver não só proliferação bacteriana, bem como contaminação cruzada.
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