Luís Carvalho. Após 10 anos de carreira, com que linhas cose o futuro?
Num momento de celebração da marca, tantas vezes escolhida pelas celebridades, o criador português esteve à conversa com o Lifestyle ao Minuto. Luís Carvalho lembra o início da carreira e revela com que linhas se cose o seu futuro.
© Peter White/Getty Images
Lifestyle Moda
Ao som de Best Youth, o designer português Luís Carvalho fez a festa e celebrou uma década de marca, durante a última edição da ModaLisboa, que decorreu no início deste mês. Na coleção 'Shelter 2.0', o criador propôs-se a atualizar o metalizado holográfico e o padrão desenvolvido, em 2013, para a primeira coleção apresentada no evento.
Dez anos depois, o sentimento é de orgulho pelas conquistas alcançadas "num país onde é tão difícil trabalhar na área da moda", nas palavras do próprio Luís Carvalho. Quanto ao futuro, "não costumo traçar grandes planos, porque já tivemos provas de que não vale a pena, mas gostava de, pelo menos, manter o que tenho agora e, se possível, fazer a marca crescer e chegar a mais público fora do país", conta ao Lifestyle ao Minuto.
Onde encontra inspiração para as suas peças?
A inspiração nunca surge de um só sítio. Existem várias coisas que me inspiram e influenciam. Falo da música, da natureza e da arquitetura, por exemplo. Depende sempre de como for o ponto de partida de cada coleção.
Como descreveria o cliente Luís Carvalho?
Hoje em dia torna-se difícil fazê-lo, porque varia muito na faixa etária e no estilo pessoal. Tanto tenho clientes que me procuram porque querem peças de design ou criações mais arrojadas, como outros que simplesmente confiam no meu gosto e estética para vesti-los para determinada situação.
A última edição da ModaLisboa foi particularmente marcante para a marca?
Esta edição fica marcada pela reinterpretação da primeira coleção apresentada na ModaLisboa há 10 anos, que tinha como tema 'Shelter' ['Abrigo', em português]. Apresentei o novo modelo de sapatos que assinala os 10 anos da marca, desenvolvido em colaboração com a ESC, e uma colaboração com a banda portuense Best Youth, que fez um medley de 'covers' com as músicas mais marcantes de bandas sonoras de desfiles anteriores.
'Shelter 2.0'© Luís Carvalho
Qual é a mensagem desta coleção? Que questões levou para a passarela?
'Shelter 2.0' é o nome desta nova coleção. No fundo, traz uma nova perspetiva da primeira coleção apresentada pela marca na ModaLisboa. Uma década depois, e agora também pensada para homem, a inspiração continua a ser a criação de silhuetas em que o clássico e o casual se fundem em peças simples e depuradas, com diversas camadas e recortes. A exploração de peças sem género continua a ser uma constante na coleção e volta a surgir o metalizado holográfico e a recriação do padrão desenvolvido na versão 1.0 da 'Shelter', em 2013.
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Quanto aos materiais e à escolha de cores, o que distingue esta coleção?
Optei por crepe, cetim de seda, tafetá, organza e jacquard, que surgem em azul-marinho, branco, areia e cor pálido. Mas o tom maior da coleção é o verde.
Estou muito orgulhoso do meu percurso e de ter conseguido em tão pouco tempo construir e colocar a marca num patamar tão alto, sobretudo num país onde é tão difícil trabalhar na área da moda
Como foi o feedback?
Muito positivo, principalmente por parte de quem se recorda da primeira coleção e percebe a evolução.
Que preocupações e cuidado tem quando está a desenhar uma coleção? Quando falámos, em 2022, disse que a sustentabilidade é algo que o preocupa.
Existem vários cuidados ao desenvolver uma coleção. A sustentabilidade é sempre uma delas, principalmente no que toca à escolha das matérias-primas e na compra dos stocks para a reprodução das peças. Por outro lado, quando estou a desenhar também o faço a pensar nos meus clientes.
O que sente ao apresentar as suas criações?
Além dos nervos que se mantêm até hoje sempre que apresento uma coleção, sinto sempre um imenso orgulho no meu percurso e no trabalho que desenvolvi até hoje.
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De todas as coleções que já apresentou na ModaLisboa, qual a que mais o marcou?
É sempre difícil eleger apenas uma, porque marcam-me sempre todas de alguma forma, mas talvez a primeira e a 'Cherry' SS19, porque é uma coleção que as pessoas ainda recordam muito e que se destacou em termos de imagem.
'Cherry' SS19
© Luís Carvalho
Há alguma cidade onde gostasse de apresentar as suas criações?
Já tive oportunidade de fazê-lo em Paris. Era um sonho. Nova Iorque também é um sitio onde gostava de ir.
Que balanço faz dos 10 anos de carreira? O que significam para si e como é que a marca tem evoluído?
Estou muito orgulhoso do meu percurso e de ter conseguido em tão pouco tempo construir e colocar a marca num patamar tão alto, sobretudo num país onde é tão difícil trabalhar na área da moda. Sinto também um amadurecimento das coleções. Ainda assim, consegui manter a estética e o ADN da marca.
Que planos tem para o futuro? Onde gostava de chegar?
Gosto muito de viver o presente. Não costumo traçar grandes planos, porque já tivemos provas de que não vale a pena, mas gostava de, pelo menos, manter o que tenho agora e, se possível, fazer a marca crescer e chegar a mais público fora do país.
Durante o seu crescimento enquanto profissional, que outros designers o inspiraram, quer a nível nacional quer internacional?
Sempre tive como grande inspiração o Raf Simons, o Alber Elbaz, Miuccia Prada e Pierpaolo Piccioli, na Valentino. Em Portugal, o Filipe Faísca e Luís Buchinho.
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