Diz-se que as mulheres são más umas para as outras. Será mesmo assim?

A propósito do Dia Internacional da Mulher, que se comemora esta sexta-feira, 8 de março, fomos perceber se a rivalidade está dentro das mulheres ou se a sociedade nem sempre retrata de forma justa o que se passa entre elas.

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Ana Rita Rebelo
08/03/2024 08:45 ‧ 08/03/2024 por Ana Rita Rebelo

Lifestyle

Entrevista

Quantas vezes não ouvimos dizer que as mulheres são as piores inimigas das próprias mulheres? E, na prática, esta afirmação não está completamente desfasada da realidade. A psicóloga Teresa Feijão explica ao Lifestyle ao Minuto que "as mulheres são incentivadas, desde a infância, a competir umas com as outras. Até nos filmes clássicos de adolescentes existem sempre grupos de 'inimigas' e isso são coisas que estimulam esse comportamento de rivalidade".

Para a especialista, a sociedade é ainda o principal problema. "Há uma pressão para as mulheres corresponderem a um padrão estético" e, por isso, "a inevitável comparação e competição tende a ser crescente", ainda que "quase inconscientemente".

Andreia Vieira, psicóloga clínica do Trofa Saúde, concorda e argumenta que "ainda se verifica alguma rivalidade feminina, sobretudo nos locais de trabalho e no que toca às questões familiares". Reitera que "existe pouca cooperação e uma competição desmedida e pouco saudável" entre o sexo feminino. A especialista vaticina: "Esta rivalidade irá manter-se enquanto existirem desigualdades de género e a mulher considerar que tem de fazer um esforço demasiado elevado para destacar-se".

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Teresa Feijão não tem dúvidas de que "a união entre mulheres pode transformar a sociedade" que "ainda beneficia os homens". "É importante haver mais empatia e uma tomada de consciência dos desafios diários que todas enfrentam por serem mulheres num contexto em que as suas necessidades individuais não são priorizadas", diz, sublinhando que "investir no autoconhecimento é essencial. Quando somos pessoas mais confiantes, as conquistas das outras mulheres não nos afetam".

De 'rivais' a parceiras

"Reconhecer as nossas próprias conquistas e observar como as outras mulheres nos podem ensinar algo e servir como inspiração" é, no entender da psicóloga, o primeiro passo para a desconstrução da rivalidade feminina e da promoção da sororidade (do latim 'soror', que significa 'irmã'). "E ainda mais importante é ter consciência de que este exercício não deve servir para motivar o ódio contra o sexo masculino", frisa.

Mas há outros passos que devem ser dados. Para Andreia Vieira, é necessário "cultivar a ideia de que anular a outra pessoa não vai fazer de mim melhor e de que as relações femininas seriam muito mais saudáveis se fosse possível começar a cooperar mais e a partilhar ideias do que gastar energia a pensar em estratégias de se anularem e rebaixarem".

A psicóloga pede também mais igualdade de oportunidades no feminino ou, no mínimo, "que não seja algo tão difícil de alcançar, para que a 'procura não seja maior do que a oferta' e seja possível diminuir o medo da concorrência".

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