Quantas vezes não ouvimos dizer que as mulheres são as piores inimigas das próprias mulheres? E, na prática, esta afirmação não está completamente desfasada da realidade. A psicóloga Teresa Feijão explica ao Lifestyle ao Minuto que "as mulheres são incentivadas, desde a infância, a competir umas com as outras. Até nos filmes clássicos de adolescentes existem sempre grupos de 'inimigas' e isso são coisas que estimulam esse comportamento de rivalidade".
Para a especialista, a sociedade é ainda o principal problema. "Há uma pressão para as mulheres corresponderem a um padrão estético" e, por isso, "a inevitável comparação e competição tende a ser crescente", ainda que "quase inconscientemente".
Andreia Vieira, psicóloga clínica do Trofa Saúde, concorda e argumenta que "ainda se verifica alguma rivalidade feminina, sobretudo nos locais de trabalho e no que toca às questões familiares". Reitera que "existe pouca cooperação e uma competição desmedida e pouco saudável" entre o sexo feminino. A especialista vaticina: "Esta rivalidade irá manter-se enquanto existirem desigualdades de género e a mulher considerar que tem de fazer um esforço demasiado elevado para destacar-se".
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Teresa Feijão não tem dúvidas de que "a união entre mulheres pode transformar a sociedade" que "ainda beneficia os homens". "É importante haver mais empatia e uma tomada de consciência dos desafios diários que todas enfrentam por serem mulheres num contexto em que as suas necessidades individuais não são priorizadas", diz, sublinhando que "investir no autoconhecimento é essencial. Quando somos pessoas mais confiantes, as conquistas das outras mulheres não nos afetam".
De 'rivais' a parceiras
"Reconhecer as nossas próprias conquistas e observar como as outras mulheres nos podem ensinar algo e servir como inspiração" é, no entender da psicóloga, o primeiro passo para a desconstrução da rivalidade feminina e da promoção da sororidade (do latim 'soror', que significa 'irmã'). "E ainda mais importante é ter consciência de que este exercício não deve servir para motivar o ódio contra o sexo masculino", frisa.
Mas há outros passos que devem ser dados. Para Andreia Vieira, é necessário "cultivar a ideia de que anular a outra pessoa não vai fazer de mim melhor e de que as relações femininas seriam muito mais saudáveis se fosse possível começar a cooperar mais e a partilhar ideias do que gastar energia a pensar em estratégias de se anularem e rebaixarem".
A psicóloga pede também mais igualdade de oportunidades no feminino ou, no mínimo, "que não seja algo tão difícil de alcançar, para que a 'procura não seja maior do que a oferta' e seja possível diminuir o medo da concorrência".
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