A antiga padaria da família Fontoura, em Valpaços, reabre as portas nesta altura para cumprir a tradição de fazer o folar, uma iguaria que tem lugar de destaque na Páscoa transmontana.
"Nesta altura pomos as mãos na massa porque temos muitos clientes no país e no estrangeiro. Tenho a ajuda das minhas filhas, dos meus tios, das minhas sobrinhas, primos e amigos", contou hoje à agência Lusa Agostinha Fontoura, 50 anos.
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Depois do pai e proprietário da padaria se reformar, a família optou por fechar o negócio. Agostinha tem outra atividade profissional, mas conta que o "folar era o rei da casa" e que são muitas as memórias ligadas à sua produção.
"Há aqui um conjunto de emoções que também são importantes e que também nos dão força e coragem para não se perder a tradição que já tinha a casa", salientou a responsável.
O edifício da padaria foi arrendado a um negócio similar, mas, na Páscoa, a família faz questão de se voltar a juntar ali. O trabalho começa uma semana antes da Feira do Folar, que decorre entre 22 e 24 de março, e prolonga-se até à Páscoa.
Agostinha tira férias nestes dias, tal como outros familiares, e a entreajuda permite a cumprir uma tradição familiar já que, segundo contou, há muitos anos, o seu pai começou a introduzir o folar das voltas de distribuição da padaria.
"Achou que era uma mais-valia para o negócio", frisou. Agora, salientou, as vendas e a procura aumentam a cada Páscoa.
O folar de Valpaços é um produto com indicação geográfica protegida (IGP) desde 2017 e o "seu segredo" está nos ingredientes, como os ovos, farinha, presunto, linguiça, salpicão e no azeite que é colhido localmente.
A Feira do Folar é um importante palco para o negócio, mas a venda do folar faz-se também diretamente com os clientes e através da plataforma 'online' criada pelo município de Valpaços.
O certame acontece uma semana antes da Páscoa, época em que esta espécie de bolo de carnes tem um lugar de destaque nas mesas dos transmontanos.
A feira realiza-se desde 1998 e começou com a preocupação de um grupo de valpacenses em preservar e dinamizar o tradicional folar que era confecionado unicamente na época da Páscoa. Hoje já é vendido durante o ano inteiro nas padarias locais.
Nesta edição do certame estarão presentes 93 expositores locais de venda de folar, mas também outros produtos regionais como o azeite e o vinho, o fumeiro, o bolo podre, o mel, a castanha e os frutos secos.
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Em Valpaços, o folar é industrial e artesanal, produzido pelas padarias ou em fornos de particulares, que aproveitam para fazer um rendimento extra nesta altura.
"É uma verdadeira montra dos produtos da terra", afirmou hoje o presidente da Câmara de Valpaços, Amílcar Almeida, em conferência de imprensa.
O autarca do PSD foi eleito deputado pelo distrito de Vila Real, nas legislativas de domingo, mas regressou à autarquia na segunda-feira, onde permanecerá até à tomada de posse na Assembleia da República.
Segundo Amílcar Almeida, este ano o preço do folar por unidade aumenta um euro para os 14 euros, para ajudar os produtores a suportar o aumento dos custos de produção.
Durante os três dias são esperados milhares de visitantes neste concelho do distrito de Vila Real e, segundo o presidente, nesse fim de semana "ficam em Valpaços cerca de um milhão de euros" em negócios concretizados no recinto da feira, mas também nos restaurantes, comércio e alojamentos turísticos do concelho.
O investimento do município na organização do certame ronda os 150 mil euros.
O autarca realçou ainda a construção de um novo pavilhão, no espaço de dois a três anos, que permitirá aumentar a capacidade deste evento e de outros que se realizam no concelho ao longo do ano.
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