O Sistema Europeu de Alerta Rápido para Alimentos e Rações emitiu recentemente um alerta sobre a presença do vírus de hepatite A (VHA) em lotes de morangos provenientes de Marrocos, onde a doença é endémica, e que tinham como destino o mercado espanhol. Dias depois, a 12 de março, a Direção-Geral da Saúde (DGS) confirmou um surto ativo de hepatite A em Portugal.
As causas ainda estão a ser apuradas e também não existem, até à data, casos graves, nem vítimas mortais a registar. "A maioria dos casos do sexo masculino, com idade entre 20-49 anos, 44% em contexto de transmissão sexual, sem casos graves ou mortais reportados", indicava a autoridade nacional de saúde em comunicado, descartando qualquer ligação com o consumo de morangos contaminados.
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Contactada pelo Lifestyle ao Minuto, Ana Isabel Pedroso, assistente hospitalar de medicina interna e de medicina intensiva, considera que, neste momento, não há motivo para alarme. No entanto, defende que "a DGS deve manter a vigilância apertada para não existir um alastramento desta doença" viral que afeta o fígado.
Existe uma vacina, mas é aconselhada apenas nas situações em que há risco de contrair a doença. Custa cerca de 15 euros e é necessária receita médica, mas tem comparticipação. "A vacina não é obrigatória em Portugal, nem faz sentido por aqui, uma vez que não somos um país que costume ter surtos de hepatite A, como se está a verificar", disse Ana Isabel Pedroso.
Dos sintomas aos riscos, o que deve saber
O vírus da hepatite A pode ser transmitido quer através de relações sexuais, como pelo consumo de água ou alimentos contaminados. Daí que sejam tão importantes os cuidados de higiene e o saneamento adequado para prevenir a transmissão. Ana Isabel Pedroso deixa recomendações claras: "As mãos devem ser lavadas frequentemente, deve beber-se água e engarrafada, e cozinhar bem os alimentos".
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A hepatite A é muitas vezes assintomática. Quando se verificam sintomas, os mais comuns são "febre, fadiga, náuseas, icterícia, falta de apetite, vómitos, dor abdominal, urina escura e fezes esbranquiçadas", indica.
Refere também a especialista que não existe um tratamento específico para a hepatite A. "O corpo geralmente elimina o vírus por conta própria e o tratamento concentra-se no alívio dos sintomas. Descanso, hidratação adequada e evitar substâncias que possam sobrecarregar o fígado são recomendações comuns", explica. "Em casos graves, o tratamento poderá passar pelo apoio à disfunção de órgãos, nomeadamente da hepática, uma vez que este é um vírus que afeta maioritariamente o fígado."
Os riscos associados incluem a possibilidade de insuficiência hepática. Ou seja, há risco de vida, "embora a maioria dos casos se resolva sem danos permanentes", sublinha a médica.
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