O cancro oral faz parte do grupo de cancros da cabeça e do pescoço e pode afetar várias partes da boca, como os lábios, gengivas, língua, bochecha, palato ou pavimento. Trata-se de uma doença com uma elevada taxa de mortalidade e morbilidade, principalmente devido a ser muitas vezes diagnosticada em fases avançadas. Desta forma, a vigilância e a educação da população para a doença pode desempenhar um papel fundamental no diagnóstico precoce, e consequentemente, no prognóstico da doença.
Quais são os principais fatores de risco?
O desenvolvimento de cancro oral está associado a fatores de risco evitáveis. O tabagismo e o consumo excessivo de álcool são os principais fatores, sendo responsáveis por cerca de 80% dos casos. Outros fatores de risco são a má higiene oral, o trauma crónico (provocado, por exemplo, por próteses mal ajustadas), a má nutrição, a exposição prolongada ao sol (no caso do cancro do lábio) ou a predisposição genética.
Leia Também: O leitor perguntou: Preciso mesmo de remover os dentes do siso?
E a que sinais de alerta devemos estar atentos?
Os primeiros sinais e sintomas podem ser ligeiros e, muitas vezes, passam despercebidos ou são desvalorizados pelos doentes e, até, pelos profissionais de saúde. As manifestações mais frequentes e precoces são úlceras ou feridas dolorosas na boca, que não cicatrizam nem melhoram com o tempo, e lesões brancas ou vermelhas. Em casos mais avançados, poderá surgir sangramento intraoral, dor forte persistente, dificuldade em mastigar, engolir ou falar e inchaço ou endurecimento na cabeça ou pescoço. Regra geral, qualquer lesão na boca que não cicatrize ou melhore em três a quatro semanas deverá ser observada por um profissional de medicina dentária, com experiência no despiste destas situações.
Vigiar regularmente a saúde oral é obrigatório para um diagnóstico precoce
A vigilância é fundamental para o diagnóstico precoce, que aumenta significativamente as chances de sucesso do tratamento e pode melhorar a qualidade de vida após o mesmo.
Leia Também: Nutricionista deixa recado aos apreciadores de azeite
Esta deve ser feita através de exames regulares da boca, com inspeção e palpação de todas as áreas da boca, face e pescoço por parte de um profissional experiente na avaliação e diagnóstico de lesões orais potencialmente malignas. Os doentes com os fatores de risco já enunciados, sobretudo hábitos tabágicos e alcoólicos, deverão fazer esta vigilância de forma mais frequente.
Outra forma de vigilância importante passa por ensinar os doentes a realizarem o autoexame da sua boca e sensibilizá-los para a sua importância, incentivando-os a ficarem atentos a quaisquer mudanças e a procurarem ajuda médica quando necessário. Este autoexame deverá avaliar todas as principais áreas da boca e poderá ser feita pelo doente em sua casa em frente a um espelho.
Embora a suspeição clínica seja importante, o diagnóstico definitivo é sempre feito através da biópsia de uma destas lesões suspeitas.
Leia Também: Dia Mundial da Pessoa Com Alzheimer assinala-se sábado. Tem planos?
Como podemos prevenir o cancro oral?
A prevenção do cancro oral assenta sobretudo na redução da exposição a fatores de risco. A redução ou eliminação dos hábitos tabágicos e alcoólicos são fundamentais para reduzir a incidência da doença. A manutenção de uma boa higiene oral, uma boa alimentação e a educação da população e profissionais de saúde para os principais sinais e sintomas e para a importância da vigilância e do diagnóstico precoce são também fundamentais para a redução da morbilidade e mortalidade associados a esta doença.
Concluindo, o cancro oral é um problema de saúde pública importante, com uma alta taxa de mortalidade e um impacto na qualidade de vida dos doentes que não pode ser ignorado. Olharmos para a nossa boca pode ser uma ferramenta crucial para o diagnóstico precoce. Ao olhar para a sua boca, está a olhar pela sua saúde.
Leia Também: Pressão arterial no limite? Cardiologista recomenda alimentos aliados