Um aneurisma cerebral nasce como uma dilatação de uma parede doente de uma das artérias do cérebro, habitualmente dando origem a uma bolha frágil. Cerca de 3% da população tem um aneurisma cerebral, sendo mais frequente entre os fumadores e aqueles que sofrem de hipertensão arterial, podendo também existir uma relação familiar com parentes próximos com a mesma doença.
Grande parte dos aneurismas não causam quaisquer sintomas e a maioria das pessoas só descobre que tem um aneurisma cerebral incidentalmente, quando, por qualquer motivo, fazem uma TAC ou ressonância magnética cerebral. No entanto, existe o risco de uma percentagem desses aneurismas se fazer sentir por alterações da visão, ao causar pressão direta num dos nervos cranianos, ou por romper, causando mal estar e uma dor de cabeça repentina e muito intensa - frequentemente referida como a 'dor de cabeça mais forte que alguma vez senti'. Alguém com estas queixas, muito provavelmente, sofreu um acidente vascular cerebral (AVC) do tipo hemorrágico e deve ser imediatamente avaliado por um médico, para a confirmação desse diagnóstico.
Cátia Gradil, coordenadora de neurocirurgia no Hospital CUF Sintra e neurocirurgiã no Hospital CUF Tejo© CUF
Estas hemorragias podem ser muito extensas, levando à morte de um significativo número de doentes, pelo que agir rapidamente é essencial. Dos que sobrevivem à hemorragia inicial, alguns doentes mantêm-se acordados e interagem normalmente com o meio que os rodeia, mas outros rapidamente atingem um estado de coma.
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Curiosamente, a probabilidade de um aneurisma romper é maior no outono e na primavera, explicação que se deve possivelmente às variações da temperatura e da pressão atmosférica.
Uma vez feito o diagnóstico, o tratamento destes doentes é complexo e envolve sempre várias especialidades médicas, assumindo aqui a neurocirurgia um papel fundamental. Uma das preocupações iniciais é assegurar que o aneurisma não volte a romper, o que pode acontecer mais frequentemente nos primeiros dias e vir a agravar ainda mais as lesões cerebrais causadas pela primeira hemorragia. Existem duas formas de o evitar: a clipagem (um procedimento cirúrgico em que se impede o fluxo sanguíneo dentro do aneurisma, através da colocação de um clip metálico) e a embolização (um tratamento por cateterismo, em que se preenche o aneurisma, impedido a sua expansão e rutura), sendo que a escolha de qual a mais indicada para o doente em causa resulta de uma avaliação por especialistas dedicados a esta doença, tendo em conta as características do doente, do aneurisma em si e a sua localização, forma e tamanho.
Pretende-se, assim, tratar o aneurisma da forma mais segura e eficaz possível, conseguindo-se evitar uma hemorragia futura na esmagadora maioria dos casos. Uma vez tratado o aneurisma, resta ainda prevenir e/ou tratar possíveis complicações da hemorragia já sofrida, pelo que dependendo da gravidade do quadro, alguns doentes terão de complementar o seu tratamento com reabilitação física intensiva.
Assim, dada a potencial gravidade dos aneurismas cerebrais rotos, o ideal é o diagnóstico de um aneurisma ser feito antes deste romper, e isso consegue-se através da vigilância regular dos fatores de risco cerebrovasculares, junto do médico. Por um lado há, nessa fase, a oportunidade de se modificarem comportamentos do doente, como deixar de fumar e melhorar o controlo da sua tensão arterial, prevenindo em muitos casos este tipo de AVC. Por outro lado, a probabilidade de existir alguma complicação durante o tratamento de um aneurisma que ainda não rompeu, é mais reduzida.
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