Autismo. Sensibilidade sensorial extrema é mais comum em pais de crianças

O estudo comparou pais de crianças com perturbações do processamento sensorial e pais de crianças que apresentam um desenvolvimento considerado típico, num total de mais de uma centena de pessoas.

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Lusa
05/02/2025 09:30 ‧ há 2 horas por Lusa

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Pais de crianças com autismo ou com perturbação do processamento sensorial apresentam padrões sensoriais mais intensos do que os pais de crianças com neurodesenvolvimento típico, conclui um estudo da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto (FMUP) divulgado esta quarta-feira.

 

O estudo levado a cabo por uma psicóloga, uma psiquiatra e uma pedopsiquiatra - publicado na revista científica Research in Developmental Disabilities em abril - comparou pais de crianças com perturbações do processamento sensorial e pais de crianças que apresentam um desenvolvimento considerado típico, num total de mais de uma centena de pessoas.

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"O que está na hipótese deste artigo é que a montante de tudo está o processamento sensorial e perturbações do processamento sensorial, a forma como as pessoas reagem a estímulos do dia a dia (...) Os pais de crianças com perturbação do espetro do autismo ou com perturbação do processamento sensorial tinham, em média, padrões sensoriais mais intensos", explicou a investigadora Irene Carvalho.

Sublinhando que, com este artigo, "de forma alguma se pretende que os pais se sintam culpados ou responsáveis", a também professora da FMUP salientou a importância de serem criados programas que ajudem os pais e cuidadores a lidar com as eventuais dificuldades de processamento sensorial, minimizando o impacto na família e nas crianças. "A nossa insistência é justamente na tónica do apoio às famílias e não em fazer as famílias sentirem-se mal e responsáveis", frisou Irene Carvalho, em declarações à agência Lusa.

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Em causa estão, por exemplo, padrões como a tendência a evitar estímulos sensoriais ou esquivar-se ao contacto durante as interações sociais. Podem ser consideradas atipias do processamento sensorial as reações aos sons, aos cheiros, a estímulos. Um ruído que é considerado habitual e perfeitamente intolerável para a maioria das pessoas pode ser absolutamente intolerável para uma pessoa que tem uma perturbação de processamento sensorial.

Em alguns casos estudados estes padrões sensoriais intensos estavam relacionados com a chamada alexitimia, a dificuldade em identificar e expressar emoções. Para chegar a estas conclusões foi aplicado aos pais um questionário que analisava seis componentes sensoriais: o paladar/olfato, a audição, a visão, o tato, o movimento e a atividade.

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Do mesmo modo, foram também avaliados fatores como a atenção e as competências sociais. Ao realizarem esta bateria de testes as investigadoras da FMUP detetaram diferenças na sensibilidade e resposta a estímulos sensoriais diversos. Estas características sensoriais, "longe de serem vistas como falhas", podem representar desafios únicos que afetam a forma como pais e filhos se relacionam. 

"Nas interações, os pais transmitem, ainda que de forma inconsciente, mas que pode ser sistemática, que aquilo é um estímulo perigoso, podendo passar essa sensação de ameaça aos filhos", explicou Irene Carvalho. Neste contexto, acrescentou a docente, a principal sugestão que nasce com este estudo "inédito" é a importância de fomentar estratégias de apoio que promovam interações familiares positivas, indo para além da questão genética. "Intervenções e formações que ajudem os pais a identificar e verbalizar sentimentos e emoções podem ser uma ferramenta valiosa para estas famílias, melhorando a qualidade da relação e o bem-estar de todos os envolvidos", lê-se nas conclusões. 

Além de Irene Carvalho (FMUP), esta investigação contou com a colaboração de Goretti Dias (Hospital de Santo António) e de Ana Sofia Machado (FMUP e ULS São João).

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