O ressonar e o sono agitado são alguns dos motivos que mais levam os elementos de um casal a decidirem dormir em camas separadas. Parece-lhe um disparate? A prática, conhecida como 'divórcio do sono', é mais comum do que possa pensar e saudável, desde que haja consenso.
O sexólogo e terapeuta de casal Fernando Mesquita é perentório: "É importante que não seja uma estratégia para evitar momentos de proximidade e intimidade". "Independentemente do motivo, os casais devem discutir previamente esta opção, para avaliar se dormir separados vai fortalecer ou prejudicar a relação", sublinha em entrevista ao Lifestyle ao Minuto, a propósito do Dia Mundial do Casamento, que se comemora esta terça-feira, 9 de fevereiro.
Acrescenta ainda que, "se a decisão de dormir em camas separadas não for discutida abertamente pelo casal, pode levar a uma sensação de distanciamento".
© Sexólogo e terapeuta de casal Fernando Mesquita
Dormir em camas separadas é benéfico para o casal?
O motivo que origina a necessidade de dormir em camas separadas é que vai ditar se a mesma é benéfica ou não.
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E o que é que pode causar esta necessidade?
Muitos casais optam por esta solução quando a qualidade do sono de um dos parceiros é perturbada pelo sono do outro, como no caso de ressonar alto ou ter um sono muito agitado. Mas para que essa decisão seja construtiva, é importante que não seja uma estratégia para evitar momentos de proximidade e intimidade. Independentemente do motivo, os casais devem discutir previamente esta opção, para avaliar se dormir separados vai fortalecer ou prejudicar a relação.
É preciso ponderar sobre o impacto na intimidade dessa separação e que estratégias vão meter em prática para evitar que esta distância física se transforme numa distância emocional, afetiva e sexual
Em que casos é que esta decisão pode ser sinal de que uma relação está desgastada e, porventura, a chegar a um ponto de rutura?
Quando a decisão de dormir em camas separadas é tomada como uma forma de evitar discussões não resolvidas ao invés de se tentar resolver os conflitos, se resulta de uma sensação de desconexão emocional, ou desinteresse pelo parceiro, e se tem como objetivo evitar a intimidade, porque a cama se tornou um local de tensão ou desconforto. Tudo isto são sinais de alarme e, nestes casos, esta decisão pode condenar a relação.
Antes de darem este passo, o que é que os casais devem ter em conta?
Devem, sobretudo, refletir sobre os motivos reais dessa decisão e se não existem outras alternativas. Também é preciso ponderar sobre o impacto na intimidade dessa separação e que estratégias vão meter em prática para evitar que esta distância física se transforme numa distância emocional, afetiva e sexual.
Esta decisão pode fazer com que um casal se sinta menos íntimo?
De facto, existe esse risco. Se a decisão de dormir em camas separadas não for discutida abertamente pelo casal, pode levar a uma sensação de distanciamento, uma vez que perdem uma oportunidade para estarem mais próximos fisicamente.
A comunicação é essencial.
Sim! Estes casais devem promover outras formas de conexão, tais como fazerem massagens um ao outro, investirem em toques e caricias ou encontrar momentos de intimidade física, emocional e sexual, durante o dia.
É importante que periodicamente os membros do casal reavaliem esta decisão
Esta mudança pode revelar-se favorável para a vida sexual de alguns casais?
O facto de dormirem em camas separadas pode encorajar os casais a serem mais criativos na forma como se conectam, levando a que procurem novas formas de intimidade sexual. O importante é que os parceiros falem abertamente sobre as suas necessidades emocionais, afetivas e sexuais.
Uma vez tomada a decisão, considera que deva ser reavaliada de tempos a tempos?
É importante que periodicamente os membros do casal reavaliem esta decisão. O que funciona num determinado momento pode não ser o mais indicado noutros períodos.
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