É possível uma pessoa ficar infetada com Alzheimer depois de receber uma transfusão de sangue? E depois de ser submetida a uma cirurgia ao cérebro? E se em causa estiver um acidente médico?
A resposta a estas três questões é só uma: sim. Diz um recente e inovador estudo da Universidade College de Londres que é possível ser-se infetado com a doença de Alzheimer perante estas três situações.
Esta “mudança de paradigma”, como descrevem os autores do estudo citados pela revista Science no seu site, é explicada pelas “sementes” da demência – a proteína beta-amiloide –, que se encontram no sangue e no tecido cerebral e que podem passar de uma pessoa para a outra em caso de transfusão.
Mas o aparecimento da doença não surge momentos depois destas três situações ocorrerem. Dizem os cientistas que o período de incubação pode durar cerca de 40 anos.
Embora já existam provas cientificas acerca desta nova teoria, os cientistas defendem a necessidade de mais análises e garantem que esta conclusão “não significa que o Alzheimer seja transmitido por contacto entre humanos”.
O estudo
Esta nova conclusão científica coloca a doença de Alzheimer lado a lado com a Doença de Creutzfeldt-Jakob (DCJ), um tipo de demência que é transmissível através da injeção de hormonas. E foi esta doença que esteve na origem do estudo que deu azo à conclusão mais inesperada relacionada com o Alzheimer.
Depois de analisarem o cérebro de oito pessoas com idades entre os 36 e os 51 anos e que tinham morrido devido à DCJ – doença que contraíram na década de 80 após a injeção de hormonas de glândulas pituitárias (hipófise) de outras pessoas –, os cientistas comprovaram que as hormonas injetadas transportavam príons de Creutzfeldt-Jakob, que terão aderido aos instrumentos cirúrgicos usados durante o processo de extração.
A relação entre a injeção da hormona que desencadeia DCJ e a possibilidade de o Alzheimer poder ser transmissível surgiu depois de os investigadores terem detetado que quatro dos oito cérebros analisados tinham beta-amiloides estendidos, o que leva a crer que o Alzheimer de que sofriam não era hereditário mas sim transmitido na cirurgia ao cérebro de que foram alvo.