São super porque são altamente nutritivos. São super porque fazem bem. São super porque curam e previnem. Mas também são super porque alguém assim o diz. É tudo uma questão de marketing? Talvez.
Para Sue Quinn, autora do livro ‘Superalimentos’ [editora Jacarandá] o termo “é frequentemente explorado pelas empresas agroalimentares com o propósito de transmitirem a imagem de que os seus produtos são altamente nutritivos – mais do que são na realidade”.
Mas os superalimentos estão longe de serem um mito alimentar ou meramente uma questão de marketing. Pelo contrário. A também antiga jornalista do The Guardian diz que “se pusermos de parte este discurso de puro marketing, vemos, no entanto, que há estudos científicos sérios que demonstram que certos alimentos possuem um elevado valor nutricional, que são benéficos para a saúde e protegem o nosso organismo das doenças”.
Quanto à definição de superalimento, tal como Sue Quinn, também a nutricionista Sofia Pinto revela que “ainda não existe uma definição”, pelo que se “torna difícil tentar explicar em que medida se assemelha uma alga como a clorela a um fruto como o açaí, ambos considerados superalimentos”.
Contudo, a nutricionista do Holmes Place da Constituição (no Porto) descreve um superalimento como aquele “que possui características fora do comum e com bastantes benefícios para a saúde”.
“Nutricionalmente são super concentrados, como o nome indica, em nutrientes (vitaminas, minerais, aminoácidos, ácidos gordos essenciais, antioxidantes, entre outros) e que, desta forma, tornam-se um alimento útil na prevenção ou tratamento de certas doenças. Em analogia, são como que pequenos suplementos multivitamínicos, mas na forma natural”, explica em entrevista ao Lifestyle ao Minuto.
Lillian Barros, nutricionista clínica defende que o termo de superalimento “é algo relativamente recente no nosso léxico alimentar” e que, destaca, “apesar de não existir nenhum superalimento, são assim chamados, por apresentarem caraterísticas nutricionais, em dosagens significativas, que fazem deles excelentes aliados na melhoria de diferentes aspetos da nossa saúde, bem-estar, energia, resposta imunitária, com características curativas e/ou preventivas”.
“Não se tratam de alimentos milagrosos mas a sua concentração em antioxidantes e fitonutrientes fazem deles o melhor aliado para quem procura no alimento o seu verdadeiro medicamento”, clarifica a nutricionista em conversa com o Lifestyle ao Minuto.
Sue Quinn dá no seu livro o exemplo de uma série de alimentos que considera super. A base da escolha foi a quantidade de nutrientes por caloria, o que faz dos vegetais os grandes aliados da alimentação. Já Sofia Pinto opta por destacar os alimentos pelas “extraordinárias funções tendo em conta o seu pequeno tamanho”.
É o caso das sementes de chia, destaca a também nutricionista da Santa Casa da Misericórdia de Penafiel. “São riquíssimas em ómega-3, cálcio e fibra (muito mais que outras sementes como as sementes de abóbora ou de girassol)”, além disso, “são fontes de energia e vitalidade”.
No seu top três de superalimentos, Sofia Pinto inclui ainda as nozes e a canela. O fruto seco é um dos eleitos “pelo seu elevado teor em gorduras benéficas como a ómega-3 e 6, importantes no controlo do colesterol e com benefícios comprovados na função cerebral e cardiovascular”. O seu consumo “deve ser reduzido, mas com pouca quantidade, cerca de três a cinco nozes por dia já consegue usufruir dos seus benefícios”, diz.
Já canela é também um ‘must have’ na alimentação diária, uma vez que se torna “um alimento útil no controlo das glicemias e desta forma ajuda a controlar de forma natural o desejo por doces”. Mas não só: “diminui a pressão arterial, os valores de colesterol e tratando-se de uma simples especiaria é excecional o seu efeito com tão pouca quantidade”.