Com a chegada oficial do verão chegam também as rumarias frequentes à praia, à piscina ou à esplanada mais próxima. A estação do ano mais apreciada está de volta e com ela surgem também um sem número de riscos para a saúde e bem-estar. Um deles, como não poderia deixar de ser, é o cancro da pele.
Os efeitos da radiação solar na pele são vários e a proteção é a melhor forma de prevenir males maiores, que tanto podem surgir de forma imediata (com um escaldão, por exemplo) ou a longo prazo, com o aparecimento de um melanoma (tipo de cancro cutâneo mais agressivo que pode mesmo ser fatal).
“A proteção solar começa na nossa cabeça, com a consciência dos cuidados”.
De acordo com a médica dermatologista Daniela Cunha, a exercer no Hospital CUF Descobertas (em Lisboa), a exposição solar é fundamental para a saúde das pessoas e são os próprios dermatologistas os primeiros a recomendar a luz solar, não fosse helioterapia uma forma natural de curar ou tratar patologias (como o eczema ou a depressão). Contudo, há que fazê-lo com peso e medida, evitando uma exposição prolongada e desprotegida, que aumenta consideravelmente o risco de escaldão e posterior cancro.
“Uma queimadura solar é sempre uma lesão, pois quer dizer que houve uma agressão na pele. É uma lesão na nossa pele que pode afetar o ADN”, alertou a especialista aquando o evento de apresentação da nova linha de protetores solares da Bioderma, que acontece no passado mês de maio no Sky Bar do Hotel Tivoli, em plena capital portuguesa.
Mas além do efeito ‘queimado’ que o sol dá à pele, os raios que emite podem ter ainda um “efeito imunossupressor”, que não só enfraquece o sistema imunitário, como pode mesmo “reativar algumas doenças, como o herpes labial” (que tende a agravar perante o sol).
O risco de escaldão é maior junto ao mar ou estendido na toalha?
Não há ano em que Daniela Cunha não receba nas suas consultas pessoas com escaldões, sinais alarmantes, manchas ou até marcas de envelhecimento precoce. Mas também não há ano em que não ouças as típicas desculpas do ‘eu usei protetor solar e até estive o tempo todo debaixo do guarda-sol’ ou ‘passo o dia todo junto ao mar ou dentro de água, nunca estou deitado ao sol’. Pois bem, estes são apenas algumas das desculpas que espelham a faltam de conhecimento de muitas pessoas sobre a exposição solar segura.
Segundo a especialista, tanto a neve como a areia refletem o sol, uma situação que, por si só aumenta o risco associado à exposição. No que diz respeito à areia, esta tem uma capacidade de espelhar 15% dos raios solares, contudo, estar deitado na areia pode ser mais seguro do que estar junto ao mar ou dentro de água,
“É pior estar ao pé do mar do que deitado na areia, porque [junto ao mar] perdemos a sensibilidade [ao calor] devido ao ar ou vento do mar, que nos deixa refrescados e sem perceber que a pele está a queimar”, sensação que, segundo a especialista, é mais notória quando se está deitado ao sol. Aliás, Daniela Cunha defende mesmo que esta sensação de pele a queimar é mesmo a forma mais eficaz de perceber que se está à mercê dos riscos associados aos raios solares.
Embora o uso de roupa seja também um requisito para a exposição solar segura – afinal, “não vemos ninguém no deserto com os braços à mostra” - há que ter uma especial atenção a um aspeto: a humidade. De acordo com a dermatologia, “a roupa molhada aumenta muito o risco de radiação”, servindo de trampolim para o aparecimento de alguns problemas cutâneos associados ao sol.