O presidente norte-americano acusou na terça-feira a Europa de gastar "mais dinheiro a comprar petróleo e gás russos" do que na defesa da Ucrânia, num momento em que Washington continua a abalar as relações com aliados europeus.
No primeiro discurso perante o Congresso desde que regressou ao poder, em 20 de janeiro, Donald Trump garantiu estar a trabalhar "incansavelmente para acabar com o conflito selvagem na Ucrânia".
"Milhões de ucranianos e russos foram mortos ou feridos desnecessariamente neste conflito horrível e brutal, sem fim à vista. Os Estados Unidos enviaram milhares de milhões de dólares para apoiar a defesa da Ucrânia", afirmou.
"Enquanto isso, a Europa, infelizmente, gastou mais dinheiro a comprar petróleo e gás russos do que na defesa da Ucrânia - de longe! E Joe Biden [ex-presidente] autorizou mais dinheiro nessa luta do que a Europa gastou", acusou o chefe de Estado.
Apesar das acusações dirigidas aos parceiros europeus, Trump adotou neste discurso um tom mais conciliatório relativamente a Zelensky depois do polémico encontro com o presidente ucraniano na passada sexta-feira, em Washington.
Donald Trump indicou que recebeu uma "carta importante" do homólogo ucraniano, Volodymyr Zelensky, manifestando disponibilidade para retomar as negociações para a paz e para assinar o acordo de minerais.
"Nós realmente valorizamos o quanto a América fez para ajudar a Ucrânia a manter a sua soberania e independência. Em relação ao acordo sobre minerais e segurança, a Ucrânia está pronta para assiná-lo a qualquer momento que seja conveniente", citou Trump.
Num discurso de quase duas horas, o presidente dos Estados Unidos celebrou ainda o trabalho do seu Governo para melhorar a segurança nas fronteiras e travar a entrada de imigrantes, considerando tratar-se "da repressão mais abrangente nas fronteiras e na imigração da história americana".
"A imprensa e os nossos amigos no Partido Democrata continuaram a dizer: 'Precisávamos de uma nova legislação, precisávamos de uma legislação para proteger a fronteira'. Mas acontece que tudo o que precisávamos era de um novo Presidente", congratulou-se.
"Rapidamente alcançámos os menores números de cruzamentos ilegais de fronteira já registados", acrescentou.
No mesmo sentido, Trump assumiu o crédito por "inaugurar a maior e mais bem-sucedida era da história" do país, advogando que realizou mais nos primeiros dias de Governo do que a maioria "realiza em quatro ou oito anos"
Donald Trump adotou uma retórica de vitória, destacando que nas últimas seis semanas assinou cerca de 100 ordens executivas e mais de 400 ações executivas para restaurar o "senso comum, a segurança, o otimismo e a riqueza" nos Estados Unidos.
Numa situação pouco comum, o congressista democrata Al Green acabou expulso da sessão por interromper o discurso de Trump com protestos.
"O sonho Americano está a crescer mais e melhor do que nunca. O Sonho Americano está imparável e o nosso país está à beira de um retorno como o mundo nunca testemunhou e talvez nunca mais testemunhará", disse o chefe de Estado, enquanto os democratas gritavam "mentira".
Quanto às tarifas que tem imposto a outros países, Trump justificou que outras nações usam medidas tarifárias contra os Estados Unidos há anos e que agora chegou a hora "de usá-las contra outros países".
"Isso está a acontecer com amigos e inimigos. O sistema não é justo com os Estados Unidos", acusou Trump, reiterando que em 02 de abril "tarifas recíprocas" serão colocadas em prática contra setores e países que taxam produtos norte-americanos em termos tarifários e não tarifários e outros tipos de barreiras.
"Fomos enganados por quase todos os países do planeta durante décadas e não vamos deixar que isso aconteça novamente", insistiu Trump, que na terça-feira colocou em vigor tarifas contra o México e o Canadá por supostamente não fazerem o suficiente para combater o tráfico de fentanil e a imigração ilegal.
Por fim, o presidente dos EUA anunciou que se prepara para "expandir drasticamente" a produção de minerais críticos e terras raras nos Estados Unidos.
"No final desta semana, também tomarei medidas históricas para expandir drasticamente a produção de minerais críticos e terras raras aqui nos Estados Unidos", afirmou.
O anúncio surge após a suspensão da assinatura de um acordo com a Ucrânia para a exploração de recursos minerais ucranianos, na sequência de uma discussão acalorada na passada sexta-feira entre Trump e o seu homólogo ucraniano, Volodymyr Zelensky.
Contudo, de acordo com Trump, a assinatura desse acordo com a Ucrânia acontecerá em breve.
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