Em Portugal uma em cada três crianças tem excesso de peso. O Lifestyle ao Minuto foi saber junto da nutricionista Carla Rodrigues Ferreira, que também é diretora da clínica Makai, quais são os principais problemas familiares que podem estar por trás desta prevelância de excesso de peso nas crianças e quais são os conselhos para conseguir que as crianças comam de forma mais saudável.
Quais são os principais problemas que identifica nas famílias quando as recebe nas suas consultas?
Dois tipos de problemas, o primeiro é que o tempo que as famílias passam juntas acaba por ser muito pouquinho e a parte da educação à mesa acaba por ficar para segundo plano, porque as refeições são sempre a correr e é tudo muito fora de casa. Depois, às vezes há um outro problema que é os pais acabarem por não estar muito solidários com a criança. Ou seja, a criança pode ter algum problema em termos de nutrição ou obesidade, mas os pais acham que só ela é que deve fazer dieta e eles não. E isso é muito complicado.
A consulta de nutrição para crianças dada na clínica Makai é muito no âmbito de nutrição familiar porque toda a gente tem de estar envolvida nesse processo, toda a gente tem de contribuir, senão a criança sente-se excluída e castigada.
Quando trabalhamos em conjunto acaba por toda a gente beneficiar e quase sempre os pais vêm numa segunda consulta da criança a dizer que também perderam uns quilos ou fizeram mudanças.
As preferências alimentares, que vêm desde pequeninos, são muito tidos por imitação, por aquilo que as crianças veem fazer à mesa.
Uma criança que não gosta de sopa, provavelmente os pais dirão “ah, ele sai ao pai que o pai também não gosta”. Não sairá, mas se nunca viu o pai comer é mais difícil pô-lo a comer.
Que conselhos dá aos pais para que consigam que os filhos tenham uma alimentação mais saudável?
Os primeiros anos são fundamentais. Até aos três anos as crianças estão ávidas de experimentar tudo, por isso devemos aproveitar isso.
Até durante a gravidez e a fase de amamentação, quanto mais variada for a alimentação da mãe, mas diferentes serão os sabores que a criança experimenta e quando provar esses alimentos vai acabar por reconhecer os sabores e gostar com maior facilidade.
Oferecer a maior variedade, nunca insistir, perceber que há alturas no desenvolvimento em que eles têm um pouco menos de apetite, mas que ele voltará, e os pais comerem com os filhos e o que os filhos comem, isso é o mais importante.