Novas pesquisas indicam que ‘querer ser outra pessoa’ nesse momento não se trata simplesmente de uma reação instintiva – sendo sim a melhor estratégia para lidar com aqueles momentos mais embaraçosos.
Um novo estudo publicado no periódico Motivation and Emotion, concluiu que imaginar-se um observador externo perante uma gaffe, em vez de quem a iniciou ou perpetuou, pode minimizar a ansiedade e o stress gerado. “A ideia é que se afaste mentalmente da situação e assim perceber que quem está a observar de fora não o está a julgar tão duramente, como provavelmente está a fazer a si próprio”, explica Li Jiang em declarações à revista TIME, uma das autoras do estudo, investigadora na Universidade Carnegie Mellon, nos Estados Unidos.
O truque é, segundo Jiang, imaginar que é um observador anónimo – e não tentar ver a situação pela perspetiva da outra pessoa envolvida nesse acontecimento constrangedor. Assumir o perfil de uma terceira pessoa é mais poderoso, diz a investigadora, porque determina uma maior distância da situação.
Numa das experiências incluídas no estudo, 107 estudantes universitários foram informados que um grupo de investigadores estava à procura de voluntários para debaterem como os médicos deveriam melhorar a sua capacidade comunicativa, relativamente a temas de saúde sensíveis, tais como doenças sexualmente transmissíveis.
Seguidamente os participantes preencheram dois questionários. Uma versão perguntava qual seria a probabilidade de se voluntariarem para o estudo e como esperavam sentir-se durante a sessão – que iria envolver responder a perguntas pessoais – e qual é que esperavam que fosse a reação dos investigadores às suas respostas.
A segunda versão perguntava as mesmas questões, mas na ordem inversa, forçando os correspondentes a considerar o método de pensamento dos investigadores, em detrimento do seu. As pessoas mais propicias a se sentirem envergonhadas (níveis medidos através das respostas facultadas num teste prévio de auto-consciência) estavam mais propensos a dizer que participariam caso tivessem feito a segunda versão – sugerindo que enquadrar a situação pelos olhos de um observador fazia toda a diferença.
Para Jiang, o embaraço tem consequências mais sérias do que sentir algum tipo de desconforto momentâneo, e como tal combater essa sensação é crucial. “Imagine que queria candidatar-se a um crédito habitação, mas sentia demasiada vergonha para perguntar como deveria proceder. Este tipo de pensamento pode sabotar a vida dos indivíduos em pequenos e grandes momentos da vida, fazendo com que se sintam inferiores e afetando a toma de decisões”.