"As crianças não devem ser traumatizadas ao serem separadas dos pais. A unidade familiar deve ser preservada", disse António Guterres, através do seu porta-voz Stéphane Dujarric, numa curta nota que está a ser encarada como uma crítica direta da ONU à política de segurança interna assumida pela administração norte-americana liderada pelo Presidente Donald Trump.
As autoridades norte-americanas confirmaram, na semana passada, que cerca de 2.000 migrantes menores foram separados das famílias na fronteira com o México nas últimas seis semanas, no âmbito da política "tolerância zero" aos imigrantes ilegais nas zonas fronteiriças impulsionada pela administração Trump.
Hoje, a secretária da Segurança Interna dos Estados Unidos, Kirstjen Nielsen, rejeitou pedir desculpas pela separação dos menores das respetivas famílias, frisando que aqueles que "cometem ações ilegais têm consequências", independentemente de estarem acompanhados por menores ou não.
"Este governo tem uma mensagem simples: se cruzas a fronteira de forma ilegal, serás processado", frisou a representante norte-americana.
O porta-voz do secretário-geral da ONU destacou ainda que Guterres acredita que "por uma questão de princípio, os refugiados e os migrantes devem sempre ser tratados com respeito e dignidade, e em conformidade com o Direito Internacional em vigor".
Nos últimos dias têm surgido nos 'media' internacionais relatos sobre a situação dramática vivida por estas crianças, que estão em armazéns convertidos em centros de detenção temporários e, em alguns casos, estão confinadas a espaços que são descritos como gaiolas.
Testemunhos de jornalistas, citados pela agência norte-americana Associated Press (AP), dão conta de que centenas de crianças são mantidas em grandes caixas de metal, dentro de armazéns no sul do Texas, enquanto esperam pelos respetivos pais.
A nível da política interna norte-americana, a situação está a ser fortemente criticada pela oposição democrata, mas também está a causar mal-estar dentro do próprio Partido Republicano, que apoia Donald Trump.