EUA cortam financiamento a agência da ONU que ajuda palestinianos

Washington, maior financiador da UNRWA até agora, assume posição cada vez mais severa em relação à Palestina e deixa de ajudar a organização que presta auxílio a mais de cinco milhões de refugiados palestinianos. Em sentido inverso, Alemanha anuncia aumento da contribuição.

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Pedro Bastos Reis
31/08/2018 22:37 ‧ 31/08/2018 por Pedro Bastos Reis

Mundo

UNRWA

Depois de terem cortado drasticamente, em janeiro, a ajuda à Agência da ONU de Assistência aos Refugiados da Palestina no Médio Oriente (UNRWA), os Estados Unidos decidiram cortar totalmente o financiamento a esta organização das Nações Unidas que fornece apoio aos palestinianos.

O anúncio foi feito por Heather Nauert, porta-voz do departamento de Estado norte-americano, e confirmou o que se temia deste o início do ano. No comunicado, a Casa Branca considera a UNRWA uma organização “irremediavelmente falhada”.

“A administração reviu cuidadosamente o assunto e determinou que os Estados Unidos não vão fazer contribuições adicionais para a UNRWA”, disse Nauert.

Esta decisão dos Estados Unidos, que cada vez mais se aproxima de Israel e se afasta dos palestinianos, levando a que o papel de moderador no conflito seja uma miragem, constitui um duro golpe para esta organização das Nações Unidas.

Em resposta à decisão de Washington, a Autoridade Palestiniana denunciou um ataque contra o povo palestiniano e contra as Nações Unidas. Um porta-voz do presidente Mahmoud Abbas classificou o fim do financiamento norte-americano à UNRWA como um "flagrante assalto contra o povo palestiniano e um desafio às resoluções das Nações Unidas". 

A UNRWA ajuda mais de cinco milhões de refugiados palestinianos pelo Médio Oriente – muitos a viver a campos de refugiados, depois de terem fugido da Palestina na fundação do estado de Israel e das guerras com o estado hebraico que se seguiram -, fornecendo cuidados de saúde, educação e serviços sociais.

Os Estados Unidos eram o maior contribuinte da organização, financiando cerca de 30% do seu funcionamento. A seguir aos Estados Unidos surgem a União Europeia, a Arábia Saudita, a Alemanha e o Reino Unido, segundo os números apresentados pela BBC.

Em sentido inverso a Washington, Berlim anunciou esta sexta-feira que vai aumentar ajuda à UNRWA. Numa carta enviada aos parceiros europeus, Heiko Maas anunciou a subida da contribuição alemã.

“Preparamo-nos para disponibilizar recursos mais substanciais", referiu o ministro dos Negócios Estrangeiros alemão, sem precisar, contudo, o valor da ajuda.

A UNRWA, criada em 1949, atua principalmente em Jerusalém Oriental, Cisjordânia, Gaza, Líbano, Síria e Jordânia. Emprega mais de 20 mil pessoas, a maioria palestinianos, e, no passado mês de julho, anunciou o despedimento de 250 pessoas em Gaza e na Cisjordânia ocupada.

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