Depois de terem cortado drasticamente, em janeiro, a ajuda à Agência da ONU de Assistência aos Refugiados da Palestina no Médio Oriente (UNRWA), os Estados Unidos decidiram cortar totalmente o financiamento a esta organização das Nações Unidas que fornece apoio aos palestinianos.
O anúncio foi feito por Heather Nauert, porta-voz do departamento de Estado norte-americano, e confirmou o que se temia deste o início do ano. No comunicado, a Casa Branca considera a UNRWA uma organização “irremediavelmente falhada”.
“A administração reviu cuidadosamente o assunto e determinou que os Estados Unidos não vão fazer contribuições adicionais para a UNRWA”, disse Nauert.
Esta decisão dos Estados Unidos, que cada vez mais se aproxima de Israel e se afasta dos palestinianos, levando a que o papel de moderador no conflito seja uma miragem, constitui um duro golpe para esta organização das Nações Unidas.
Em resposta à decisão de Washington, a Autoridade Palestiniana denunciou um ataque contra o povo palestiniano e contra as Nações Unidas. Um porta-voz do presidente Mahmoud Abbas classificou o fim do financiamento norte-americano à UNRWA como um "flagrante assalto contra o povo palestiniano e um desafio às resoluções das Nações Unidas".
A UNRWA ajuda mais de cinco milhões de refugiados palestinianos pelo Médio Oriente – muitos a viver a campos de refugiados, depois de terem fugido da Palestina na fundação do estado de Israel e das guerras com o estado hebraico que se seguiram -, fornecendo cuidados de saúde, educação e serviços sociais.
Os Estados Unidos eram o maior contribuinte da organização, financiando cerca de 30% do seu funcionamento. A seguir aos Estados Unidos surgem a União Europeia, a Arábia Saudita, a Alemanha e o Reino Unido, segundo os números apresentados pela BBC.
Em sentido inverso a Washington, Berlim anunciou esta sexta-feira que vai aumentar ajuda à UNRWA. Numa carta enviada aos parceiros europeus, Heiko Maas anunciou a subida da contribuição alemã.
“Preparamo-nos para disponibilizar recursos mais substanciais", referiu o ministro dos Negócios Estrangeiros alemão, sem precisar, contudo, o valor da ajuda.
A UNRWA, criada em 1949, atua principalmente em Jerusalém Oriental, Cisjordânia, Gaza, Líbano, Síria e Jordânia. Emprega mais de 20 mil pessoas, a maioria palestinianos, e, no passado mês de julho, anunciou o despedimento de 250 pessoas em Gaza e na Cisjordânia ocupada.