As autoridades britânicas relevaram esta quarta-feira que têm "provas suficientes" para acusar dois cidadãos russos pelo envenenamento do ex-espião russo Serguei Skipal e da sua filha Yulia, assim como do polícia Nick Bailey.
De acordo com as autoridades, os suspeitos são Alexander Petrov e Ruslan Boshirov.
No parlamento britânico, Theresa May deu explicações sobre a investigação, respondeu às questões dos deputados e foi perentória ao apontar o dedo a Moscovo: "de certeza que [o envenenamento] foi aprovado a um nível superior do estado russo".
A primeira-ministra britânica revelou que os dois suspeitos são membros dos serviços de inteligência russos e, apesar de reconhecer que pedir a extradição é "fútil", garantiu que as autoridades britânicas tudo farão para levar os dois suspeitos à justiça.
Nesse sentido, adiantou May, o Reino Unido vai trabalhar com os seus aliados contra esta agência de informação russa e apelou à intensificação dos "esforços coletivos, especificamente contra a GRU".
Em comunicado, o comissário da Scotland Yard disse que a investigação foi "intensa e complexa" e congratulou-se com a identificação dos dois suspeitos.
"Hoje assinala-se o momento mais significativo até agora naquilo que foi uma das mais complexas e intensivas investigações que já levámos a cabo no contraterrorismo", disse Neil Basu.
Imagens de Alexander Petrov e Ruslan Boshirov no dia do envenenamento© Reuters
A polícia metropolitana revelou que os dois suspeitos chegaram ao aeroporto de Gatwitck, provenientes de Moscovo, no passado dia 2 de março e ficaram num hotel em Londres, antes de viajarem, dois dias depois, para Salisbury, onde a porta de Serguei Skripal acabaria por ser envenenado.
Petrov e Boshirov estão acusados de conspiração para assassinar Serguei Skripal, de tentativa de homicídio, uso e posse de novichock - contrariando a legislação internacional sobre armas químicas -, e de causar sérios danos corporais às vítimas.
Entretanto, a Rússia já reagiu, optando por desvalorizar este avanço no caso. "Não significam nada para nós", afirmou o ministério dos negócios estrangeiros russos. A porta-voz, Maria Zakharova, pediu ao Reino Unido para colaborar com Moscovo em vez de "manipular informação".
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Serguei Skripal, 60 anos, e Yulia Skripal, 33, foram envenenados com o agente nervoso novichok em março deste ano.
O caso gerou uma enorme tensão diplomática entre Londres e Moscovo, tensão essa que se estendeu a vários aliados do Reino Unido, que condenaram a Rússia por, alegadamente, estar envolvida no envenenamento.
Moscovo, contudo, sempre negou qualquer relação com o caso. As justificações russas, todavia, não convenceram o Reino Unido, que decidiu expulsar vários diplomatas russos do país. A Rússia respondeu na mesma moeda e também expulsou vários diplomatas britânicos do seu território.
[Notícia atualizada às 13h35]