Após uma missão de reconhecimento na fronteira do México com os EUA, a Amnistia Internacional (AI) considera que a administração Trump está a usar regras ilegais para travar milhares de migrantes que procuram asilo político.
"A situação apenas pode piorar", revela a AI num relatório hoje divulgado, que apresenta 26 recomendações para os países de origem e de receção dos migrantes, procurando evitar os "sérios riscos" de milhares de refugiados.
"Em vez de militarizar a fronteira e de espalhar o medo e a discriminação, a administração Trump deve mostrar compaixão por aqueles que se viram forçados a fugir das suas casas, recebendo sem demora os seus pedidos de asilo, conforme as leis internacionais e dos EUA", disse hoje Erika Guevara-Rosas, diretora para as Américas da Amnistia Internacional.
"Pelo seu lado, os governos do México e dos países da América Central devem agir urgentemente para garantir a segurança e o bem-estar de todas essas pessoas, garantindo que não sofram violações de direitos humanos", acrescentou Guevara-Rosas.
Há várias semanas que uma caravana com vários milhares de refugiados se desloca desde a América Central em direção à fronteira dos EUA, para pedir asilo.
O Presidente dos EUA já anunciou que não aceitará a entrada ilegal desses refugiados, ameaçando fechar as fronteiras com o México e deslocando contingente do exército americano para reforçar o controlo das alfândegas.
No domingo, 42 refugiados foram presos, quando tentavam entrar na fronteira de San Ysidro e vários foram afastados com recurso a gás lacrimogéneo, pela polícia dos EUA.
No passado dia 18, responsáveis da Amnistia Internacional visitaram o complexo que abriga a caravana de refugiados em Tijuana, junto à fronteira com os EUA, para verificar as condições de subsistência dos migrantes.
A AI considerou que o abrigo não tinha comida suficiente, nem serviços de saúde adequados para a quantidade de refugiados.
Perante a análise da situação, a organização divulgou hoje um relatório com uma lista de 26 recomendações para os países de origem e de receção dos refugiados, para tentar evitar o que considera ser "uma tragédia humana".
Entre as recomendações para as autoridades de fronteira, está o cuidado em não prender crianças em centros de detenção, o respeito integral pelas leis internacionais de deportação, o cumprimento de assistência humanitária e a limitação de uso de força policial sobre população que está em condições vulneráveis.