Os partidos independentistas catalães, que foram decisivos para a subida ao poder de Pedro Sánchez em junho passado, votaram agora ao lado da oposição de direita na devolução ao executivo da totalidade das contas de Estado.
O chefe do Governo e vários dirigentes socialistas têm afirmado que, sem orçamento, a legislatura, que deveria terminar em meados de 2020, seria "encurtada".
A proposta de Orçamento Geral do Estado espanhol para 2019 foi rejeitada no Congresso dos Deputados (câmara baixa do parlamento) com os votos da ERC (Esquerda Republicana de Catalunha) e do PDeCAT (Partido Democrático Europeu da Catalunha), que se juntaram ao PP (Partido Popular, direita), Cidadãos (direita liberal), Foro Asturias (regionalista) e Coligação Canárias (regionalista).
A totalidade das contas do Estado foi devolvida ao Governo por 191 votos a favor contra 158 contra e uma abstenção.
Trata-se da segunda vez na democracia espanhola que o parlamento chumba o Orçamento, depois de em 1995 ter também recusado as contas de 1996 propostas pelo Governo, também socialista, de Felipe González, o que na altura levou à marcação de eleições antecipadas.
Pedro Sánchez tem agora de decidir se continua a governar, prolongando em 2019 o orçamento do executivo anterior, de Mariano Rajoy, do Partido Popular (direita), ou se convoca eleições antecipadas.
Todos os olhos estão postos no chefe do executivo e a imprensa espanhola já avança com prováveis datas para as eleições antecipadas.
Pedro Sánchez tornou-se primeiro-ministro em 02 de junho de 2018, depois de o PSOE ter conseguido aprovar no parlamento, na véspera, uma moção de censura contra o executivo do Partido Popular (direita) com o apoio do Unidos Podemos (coligação de extrema-esquerda) e uma série de partidos mais pequenos, entre eles os nacionalistas bascos e os independentistas catalães.
Os socialistas têm apenas 84 deputados num total de 350 e o Unidos Podemos 67, com as últimas sondagens a indicarem que os partidos de esquerda ainda não conseguiriam assegurar uma maioria estável, apesar da subida das intenções de voto no PSOE.
A direita pede insistentemente, desde há meses, eleições antecipadas e lembra que Sánchez, quando fazia parte da oposição, defendia a demissão do Governo no caso de o Orçamento não ser aprovado.
Mesmo o principal apoio parlamentar do PSOE, o Unidos Podemos, sustenta que, se o Orçamento não for aprovado, deverá haver eleições antecipadas.