Segundo o jornal El País, a plataforma de 'streaming' conseguiu o que dezenas de produtores de cinema têm tentado há meio século: comprar os direitos de 'Cem anos de solidão', o romance emblemático do escritor colombiano, vencedor do Prémio Nobel da Literatura em 1982.
Em vida, Gabriel García Márquez sempre duvidou que a obra pudesse funcionar em grande formato e também sempre exigiu que fosse filmada em espanhol, o que durante muitos anos significou menor viabilidade comercial.
Agora, os filhos do autor, Rodrigo e Gonzalo García, aceitaram que a Netflix convertesse o clássico do pai numa série, naquele que será o terceiro grande projeto em espanhol da plataforma, depois de "Narcos" e "Roma".
O projeto encontra-se ainda em fase inicial, mas a Netflix já assegurou que apenas contratará profissionais latino-americanos para a produção da série, que será rodada na Colômbia.
"Sabemos que será mágico e importante para a Colômbia e para a América Latina, mas o romance é universal", disse ao The New York Times Francisco Ramos, vice-presidente de produções em espanhol da Netflix.
Rodrigo e Gonzalo García serão os produtores executivos da adaptação. Este será o décimo projeto televisivo de Rodrigo, depois de ter dirigido capítulos de "Os Sopranos", "Sete palmos de terra", ou "A feira da magia", entre outros.
Em entrevista ao diário colombiano El Tiempo, Rodrigo García adiantou que a série se deverá estrear em meados de 2020.
"Acho que este é um bom momento para a série, e com o alcance da Netflix, acredito que o trabalho, o autor, a Colômbia e o mundo de Macondo chegarão a um público mais vasto", acrescentou.
Os produtores terminam com este trabalho a longa trajetória da obra do seu pai. Publicado em 1967, "Cem anos de solidão" vendeu cerca de 50 milhões de exemplares e foi traduzido em 46 línguas.
Ao êxito deste romance - fundamental para o reconhecimento internacional de Gabriel García Márquez e fator chave para a atribuição do Nobel da Literatura -- se ficou a dever o 'boom' da literatura latino-americana dos anos 1960 e 1970.
Desde há décadas que a sua história, centrada na família Buendía, descendente do fundador da aldeia Macondo, é leitura obrigatória um pouco por todo o mundo, desde instituições norte-americanas até aos círculos académicos europeus.