"Portugal tem sido um líder no apoio à democracia na Venezuela e no apoio ao povo venezuelano que está a exigir um regresso à democracia", realçou Elliott Abrams numa mesa-redonda com jornalistas na embaixada dos Estados Unidos, em Lisboa.
Segundo o diplomata, os Estados Unidos e Portugal "estão em completo acordo sobre o reconhecimento de Juan Guaidó" como Presidente interino da Venezuela e "sobre a necessidade de novas eleições" para um retorno da Venezuela à democracia.
"Tentamos manter um contacto muito próximo com o Governo de Portugal ao mais alto nível. Vemos uma grande parte da crise venezuelana da mesma forma. Em particular, o resultado que queremos, que é a saída de [Nicolás] Maduro, é a realização de eleições livres e o regresso à democracia", indicou.
Elliott Abrams criticou o papel da Rússia na Venezuela, que classificou como "completamente negativo e inútil".
A Rússia "não está a enviar grandes quantidades de ajuda humanitária, não está a ajudar os venezuelanos a recuperar a sua prosperidade ou a sua democracia", frisou.
Em março, o representante especial dos EUA para a Venezuela disse estar preocupado com o apoio que a Rússia continua a manifestar ao Presidente eleito, Nicolás Maduro, por ser um pilar relevante de sustentação do regime, considerando que tem motivações financeiras, para tentar proteger os fundos que emprestou à Venezuela.
Aludindo ao que considera ser a falta de confiança de Nicolas Maduro nas suas próprias forças armadas, Elliott Abrams deu como exemplo que a segurança pessoal do líder venezuelano é assegurada por cubanos.
"Eu penso (...) que ele não confia nos militares. No exército. Os seus guarda-costas são cubanos (...) Não confia neles porque receia que [os militares] sejam patriotas e desejem uma Venezuela democrática", afirmou.
Sobre a interferência de Washington, Elliott Abrams considerou que "é do interesse de Maduro dizer que são os Estados Unidos contra a Venezuela".
"Cinquenta e quatro países reconheceram o Presidente interino Juan Guaidó. Isto não é os Estados Unidos contra a Venezuela. São dezenas de democracias na América Latina, na Europa e na América do Norte, a dizer que apoiam o desejo do povo venezuelano pela democracia", argumentou.
A crise política na Venezuela agravou-se em 23 de janeiro, quando o líder da Assembleia Nacional, Juan Guaidó, se autoproclamou Presidente interino e declarou que assumia os poderes executivos do chefe de Estado venezuelano, Nicolás Maduro.
Mais de 50 países, incluindo a maioria dos países da União Europeia, entre os quais Portugal, seguiram a decisão norte-americana e reconheceram Guaidó como Presidente interino da Venezuela encarregado de organizar eleições livres e transparentes naquele país.
Na Venezuela, que vive uma grave crise política, económica e humanitária, residem cerca de 300.000 portugueses ou lusodescendentes.