O chanceler austríaco Sebastian Kurz, que enfrenta esta segunda-feira uma moção de censura, sai reforçado das eleições europeias, conquistando mais de 34% dos votos e superando os números apontados pelas sondagens.
Foi pouco o impacto do escândalo que abalou a Áustria no fim de semana passado. Depois de divulgado um vídeo, feito num hotel em Ibiza, no qual o vice-chanceler, Heinz-Christian Strache, prometia contratos públicos a uma mulher que se fazia passar por neta de um oligarca russo, em troca de apoio ao partido, as preferências do eleitorado não sofreram grandes mudanças.
De acordo com os resultados avançados até agora, o Partido Popular Austríaco (ÖVP), não só vence as eleições como ainda cresce mais de 7% em relação ao escrutínio de 2014, deixando o seu líder "quase sem palavras". Mas o sorriso de Kurz, de 32 anos, depois de conhecidos os números, pode durar pouco.
O atual chanceler enfrenta esta segunda-feira, no parlamento, uma moção de censura que poderá ser votada pelo Partido Social-Democrata da Áustria (SPÖ), pelo Partido da Liberdade da Áustria (FPÖ) e pelo Jetz, e ditar o seu afastamento.
Caso se confirme, o Presidente da República, Alexander Van der Bellen, terá de nomear um chanceler de transição no mais curto espaço de tempo. As novas eleições estão previstas para setembro deste ano.
A crise no governo, com a divulgação do vídeo protagonizado pelo líder do partido de extrema-direita e vice-chanceler, ditou a demissão de Strache. Todos os elementos do executivo, que pertenciam ao FPÖ, acabaram também por abandonar.
Ainda assim, o "escândalo de Ibiza" não parece ter fragilizado o FPÖ, que apesar de perder cerca de dois pontos em relação às últimas eleições, conseguiu segurar o segundo lugar.
Em terceiro lugar ficou o SPÖ, que também registou uma descida ligeira nos resultados, não beneficiando com o escândalo que derrubou a coligação governativa e dando espaço para o crescimento dos Verdes. O principal partido de esquerda é considerado o maior derrotado destas eleições europeias.