Investigadores conseguiram eliminar VIH do ADN de ratos infetados

Consideram ser o primeiro passo para uma cura para humanos.

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Sara Gouveia
03/07/2019 11:25 ‧ 03/07/2019 por Sara Gouveia

Mundo

VIH

Um conjunto de investigadores conseguiu eliminar com sucesso o Vírus da Imunodeficiência Humana (VIH) do ADN de um grupo de ratos infetados, o que consideram ser um passo promissor para conseguirem curar os cerca de 37 milhões de pessoas a viver com o vírus.

Num estudo publicado na terça-feira na revista científica Nature, os investigadores da Escola de Medicina Lewis Katz da Temple University e do Centro Médico da Universidade do Nebraska juntaram tecnologia de edição de genomas com um medicamento de supressão do vírus de libertação lenta para conseguirem eliminar as células de VIH dos ratos infetados.

Os atuais tratamentos para o VIH não conseguem eliminar de forma total o vírus, apenas suprimem a sua replicação. Com os antiretrovirais, que requerem uma toma continua durante toda a vida, é possível impedir a disseminação do vírus e acabar com a transmissão entre parceiros sexuais.

Os métodos foram aplicados num grupo de 'ratos humanizados', ou roedores que são alterados de forma a poderem produzir células humanas que sejam suscetíveis ao vírus. Depois foram-lhes aplicados os antiretrovirais, modificados pela equipa de forma a que sejam libertados lentamente ao longo de várias semanas, tornando como alvo os tecidos do baço, a medula óssea e o cérebro onde os reservatórios de VIH latentes ou células inativas estariam. Além disso, é usada ainda uma ferramenta de edição de genes. O processo permite que as equipas "limpem segmentos do genoma" e removam o cromossoma do VIH, explicou Kamel Khalili à CNN.

No final do estudo os cientistas tinham conseguido com sucesso eliminar o vírus de nove dos 23 ratos.

Segundo os investigadores, os resultados provam que o VIH pode ser eliminado. "Uma vez que o vírus infeta um paciente, o genoma viral entra no cromossoma e torna-se um "mau gene", explicou Khalili, referindo que por isso trataram o VIH como uma doença genética. A terapia combinada foi uma forma inicial de atacar o vírus de dois ângulos diferentes: Abrandar a velocidade a que se espalha primeiro com o antiretrovirais e depois editar o gene por completo. Mas para confirmar que tinham conseguido erradicar o vírus de todo o processo demorou anos e Howard Gendelman, outro dos responsáveis pelo estudo, garantiu que a equipa examinou "cada cantou e fresta" do tecido do rato onde as células infetadas pudessem estar.

Estes resultados são apenas um primeiro passo e não um salto direto para uma cura. "Estamos a aterrar na Lua", disse. "Não quer dizer que já chegámos a Marte", acautelou. 

Além disso, estão também a trabalhar numa versão do estudo com primatas, as demora entre nove meses e um ano para perceber se o vírus foi erradicado. Os resultados referentes a esse estudo deverão ser publicados no próximo ano. Se os métodos continuarem a provar-se bem sucedidos então poderão seguir-se estudos clínicos até ao próximo verão.

Recorde-se que a esperança de uma cura já tinha surgido em março deste ano quando os investigadores anunciaram que uma segunda pessoa tinha conseguido curar-se do VIH depois de ter sido submetida a um transplante de células estaminais, que eliminou com sucesso qualquer vestígio do vírus do sangue. Ambos os pacientes foram tratados com doadores de células estaminais que nasceram com uma mutação genética que os torna resistentes ao vírus.

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