"Vamos ver como podemos, juntamente com todos os Estados-membros e com o resto dos nossos parceiros internacionais, preservar o acordo nuclear com o Irão e implementar todas as medidas para que o Irão possa regressar à plena conformidade", afirmou a responsável europeia, falando aos jornalistas à entrada de um conselho dos ministros Negócios Estrangeiros da UE, em Bruxelas.
As tensões na região do Golfo intensificaram-se desde que os Estados Unidos se retiraram, em maio de 2018, do acordo nuclear assinado entre o Irão e as grandes potências em 2015 e repuseram também sanções sobre as exportações de petróleo de Teerão, exacerbando uma crise económica que fez afundar a moeda.
Nos últimos dias, foi conhecido que o Irão começou a enriquecer urânio a um nível proibido pelo acordo nuclear alcançado em 2015 com as grandes potências internacionais.
Entretanto, assim como a UE, a França, o Reino Unido e a Alemanha apelaram a que se ponha travão à escalada de tensões e à retoma do diálogo.
Concluído após anos de esforços diplomáticos, o acordo de Viena de 2015 previa uma limitação do programa nuclear iraniano em troca do levantamento das sanções internacionais contra o país.
Falando aos jornalistas sobre as tensões na região, Federica Mogherini apontou que esteve este fim de semana no Kuwait, a terceira na região do Golfo, onde a UE inaugurou no sábado uma delegação diplomática, numa altura de intensa tensão no Médio Oriente.
"O que eu vi na região -- e acabo de voltar de uma visita ao Iraque e ao Kuwait, além das consultas que tive nas últimas semanas com todos os países do Golfo, sem excluir nenhum -- é a consciência de que uma escalada [de tensão] é perigosa para todos", referiu a responsável.
E reforçou: "Ninguém excluiu que existe um risco de erros de cálculo".
"Acho que hoje há um interesse [dos países do Golfo] em tentar conter os riscos, em evitar uma escalada militar ou uma escalada de qualquer outro tipo e acredito que uma conferência regional no Iraque sobre como proteger os bons resultados que aí foram alcançado, por exemplo, é do interesse comum de todos os países da região", sugeriu Federica Mogherini, aludindo ao que consideraria ser "um bom ponto de partida".
A responsável considerou também haver "sabedoria e racionalidade suficientes no Golfo para tentar encontrar um caminho útil".
"Mais uma vez, encontrar um meio de conviver pacificamente não é um sinal de fraqueza, é um sinal de racionalidade e de manutenção de interesses, acima de tudo interesses de segurança e económicos da região, que estão muito interligados", concluiu.
Outro dos pontos da agenda da reunião de hoje é a situação na República Centro-Africana, no âmbito do qual Federica Mogherini vai propor aos Estados-membros um reforço do apoio ao país "para evitar que o acordo de paz, que foi assinado historicamente em fevereiro deste ano, seja afetado por uma concretização lenta ou deficiente, especialmente por parte de grupos armados".