Migrações para África do Sul aumenta casos de tuberculose em Moçambique

A deputada moçambicana Valeria Mitelela disse hoje, em Cabo Verde, que o movimento migratório de mineiros para a África do Sul fez aumentar os casos de tuberculose em Moçambique, garantindo que a doença está controlada após os ciclones.

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Lusa
06/08/2019 17:22 ‧ 06/08/2019 por Lusa

Mundo

Moçambique

Em declarações à agência Lusa, na cidade da Praia, no âmbito da 3.ª Cimeira Parlamentar Africana sobre Tuberculose, a deputada indicou que há muitos casos da doença em Moçambique por causa de mineiros que vão para a África do Sul.

"Têm família em Moçambique, vão e voltam, e esse movimento migratório faz com que a zona sul seja muito afetada pela tuberculose, assim como HIV/Sida", afirmou Valeria Mitelela, também primeira vogal do Gabinete da Mulher Parlamentar de Moçambique, que apresentou a experiência do país durante a cimeira que termina hoje na Praia.

Sem precisar o número de casos registados, a parlamentar disse, porém, que a situação da doença no país "está controlada", após um "início muito difícil" na sequência dos ciclones Idai e Kenneth, que atingiram o país em março e abril, respetivamente, causando mais de 600 mortos e muita destruição.

Valeria Mitelela disse que o país conseguiu conter a situação, graças ao apoio da comunidade internacional.

"Houve muitos casos [de tuberculose], que se não fosse esse apoio internacional as pessoas podiam ficar prejudicadas em continuar o seu tratamento, mas não houve essa quebra", salientou.

Além da tuberculose, garantiu que o parlamento e o Governo moçambicanos estão comprometidos na luta e tratamento de outras doenças endémicas no país, como a malária.

A deputada referiu ainda que em Moçambique as pessoas com tuberculose são estigmatizadas, mas que o país também tem ações de combate e uma lei contra a discriminação.

"Ninguém pode ser expulso do trabalho por causa de ser portador de tuberculose ou HIV/Sida, também não se pode negar emprego a uma pessoa por ser portadora dessas doenças. Já acautelamos tudo isso", afirmou.

A questão da estigmatização foi igualmente levantada durante um painel da cimeira, com os oradores a defenderem a sensibilização, educação e uma ação global para pôr fim a essa ameaça.

Deborah-Ogwuche Ikeh, do grupo parlamentar global sobre a tuberculose, deu um exemplo concreto no seu país, a Nigéria, onde uma senhora portadora da doença procurou curar a doença por todos os meios, inclusive foi a curandeiros, mas nunca foi a uma estrutura de saúde.

A também gestora do grupo parlamentar da África francófona disse que a senhora e a sua família foram estigmatizadas, posta de lado, e a mulher acabou por morrer, sem procurar tratamento.

Já Joseph Chire, do Gana, disse que não se sabe se é a estigmatização ou a doença que mata em si, uma vez que as pessoas no seu país têm tendência em passar a ideia que são castigadas pelos antepassados.

Por isso, disse ser necessário intervir a nível da sensibilização, com compromisso total junto da comunidade e um articulação e esforço de todos.

Na Namíbia, Elma Dienda disse que para combater a discriminação o país tem realizado várias atividades de sensibilização junto da maior parte das pessoas.

Também tem realizado campanhas de diagnóstico e despiste e os deputados têm pressionado os governos para aumentarem o orçamento para combater a tuberculose, bem como o HIV/Sida.

A 3.ª Cimeira Parlamentar Africana sobre a tuberculose termina hoje à tarde, numa sessão que será presidida pelo ministro da Saúde e Segurança Social de Cabo Verde, Arlindo do Rosário.

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