Ataques de cães a tartarugas em ilha cabo-verdiana preocupam associação

A Associação Ponta Pon manifestou-se hoje preocupada com os ataques sucessivos de cães vadios às tartarugas em várias praias da ilha cabo-verdiana de São Vicente, tendo já contabilizado mais de 30 mortes em menos de três meses.

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Lusa
09/08/2019 13:00 ‧ 09/08/2019 por Lusa

Mundo

Cabo-Verde

Em declarações à agência Lusa, o presidente da Associação Ponta de Pon, Albertino Gonçalves, disse que as matanças de tartarugas marinhas nas praias de São Vicente acontecem desde o mês de junho.

Segundo explicou, Ponta Pon, que possuiu licença para vigiar as praias, só arrancou a sua atividade em 1 de agosto, dois meses após o início da época de desova, por causa de atrasos nos desembolsos das verbas para financiar os seus trabalhos.

O responsável associativo disse que desde o ano passado há registo de muitas tartarugas mortas em praias que não conseguiu financiamento para fazer a vigilância, como Jon Débra, Calhau, Sandy Beach e Calheta.

Albertino Gonçalves disse que as matanças são feitas por humanos, mas sobretudo por cães vadios que existem nessas encostas.

"São perigos não só para as tartarugas, como também para as pessoas. Os cães vadios têm sido uma praga bem grande, principalmente nas praias onde Ponta de Pon não consegue fazer cobertura", lamentou.

Desde junho, o líder associativo avançou que, pelo número de restos e rastos encontrados nas praias, tudo indica que foram mortas mais de 30 tartarugas nessas praias não vigiadas.

Para minimizar os impactos dos ataques de cães vadios, Albertino Gonçalves adiantou à Lusa que a associação que dirige vai envolver outras entidades, regionais e nacionais, para proteger não só as tartarugas marinhas, mas também outros animais.

"Ultrapassa as competências da Associação Ponta de Pon dar combate aos cães vadios nessas praias e em toda a ilha de São Vicente. São abandonados, sem dono, infelizmente é uma questão de saúde pública", salientou, dizendo que a única coisa que os voluntários fazem é afastar os cães.

"Nós não vamos matar nenhum cão. Os voluntários têm instrução para isso, mas correm sérios riscos, bem como as outras pessoas que frequentam essas praias", alertou Albertino Gonçalves, presidente da associação que desde 2007 possuiu licença para vigiar as praias de São Vicente, numa extensão de cerca de 30 quilómetros.

O alerta sobre os ataques de cães vadios às tartarugas nas praias de São Vicente também foi dado pela Associação Biosfera I, considerando que isso "tem constituído uma grande ameaça à sobrevivência dessa espécie".

Por isso, a Associação chamou a atenção das autoridades e pediu aos donos desses cães que prendam os seus animais nessa época.

O responsável chamou igualmente a atenção para a venda de tartarugas aos turistas que desembarcam na ilha, pelo que a Associação Ponta de Pon vai lançar uma campanha de sensibilização no Aeroporto Internacional Cesária Évora, envolvendo crianças.

A população de tartarugas 'Caretta caretta' de Cabo Verde é a terceira maior do mundo, sendo apenas ultrapassada pelas populações na Florida (Estados Unidos) e em Omã (Golfo Pérsico).

No ano passado, o país registou 124 mil ninhos de tartaruga, um número recorde e três vezes maior do que o do ano anterior, situação para a qual até agora ninguém encontrou uma explicação.

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